segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Motorista atropela ciclistas em Porto Alegre

Ficamos muito tristes com as noticias que recebemos esta semana sobre o atropelamento de um grupo de ciclistas em Porto Alegre, nossa cidade natal. Principalmente por saber que o motivo da passeata era para pedir melhores condicoes de circulacao pela cidade. Esperamos que esta tragedia sirva para mostrar que precisamos de vias mais seguras, principalmente para os ciclistas! 

Segue abaixo o resumo do ClicRBS:

"Na sexta-feira, 25 de fevereiro, pouco depois das 19h, pelo menos 15 ciclistas foram atingidos por um Golf, na Rua José do Patrocínio, na área central de Porto Alegre. Oito deles foram encaminhados ao Hospital de Pronto Socorro e liberados algumas horas depois. O motorista fugiu do local. O carro foi encontrado na madrugada de sábado, abandonado em um bairro da zona leste da Capital."

Mais detalhes no link:



NOSSA PASSAGEM PELA REPUBLICA DE CHILE

     A nossa entrada no Chile ocorreu pelas montanhas da Cordilheira dos Andes no 41° dia (27/12/10) pelo passo “Los Libertadores” (fronteira de Las Cuevas na Argentina com Los Andes no Chile). A nossa estadia no Chile teve duração de 48 dias e percorremos 2.754,74Km, sendo 1.427,94Km de bicicleta e 1.326,80Km de ônibus. Saímos do país pela cidade de Arica que fica na fronteira com o Peru.
     O povo chileno mostrou-se um pouco mais distante do que o argentino e o uruguaio. Pouquíssimas pessoas se aproximaram da gente para perguntar o que estávamos fazendo, mas podíamos notar inúmeros olhares curiosos em nossa direção. Até mesmo enquanto pedalávamos nas estradas, recebemos muito menos apoio dos motoristas do que nos demais países. Vale ressaltar que os motoristas chilenos foram os mais solidários conosco, pois na grande maioria dos momentos mudavam de pista para passar mais afastado.
     O clima e o relevo chileno não se mostraram propícios para a prática do cicloturismo, pelo menos para o nosso nível preparo. Sentimos muita dificuldade de pedalar em inúmeros momentos, seja pelo clima extremamente seco do deserto ou pelos intermináveis cerros que estão em todo o país. Além destes fatores naturais, existem muitas regiões com baixíssima densidade populacional, o que exige uma autossuficiência muito grande (pedalamos 100Km sem ver povoado, venda ou barraquinha qualquer na beira da estrada).
     Não vimos muitos pratos da culinária chilena que não tenhamos provado na brasileira.
Alguns pontos que se destacaram nesta questão foram a grande variedade de pães que eles produzem, o mote com huesillos (grãos cozidos de uma variedade de milho com um suco parecido com guaraná e pêssego desidratado) e a utilização de aji (um tipo de molho de pimenta) e, principalmente, abacate em todos os tipos de comida. Podemos dizer que o abacate é o alicerce alimentar deles, sendo servido em saladas mistas até cachorro-quente! Para finalizar o quesito culinária, não poderíamos deixar de citar os vinhos chilenos. A variedade, qualidade e preço são incomparáveis com qualquer outro lugar que tenhamos visitado!
     As praias chilenas ficaram aquém do que esperávamos. Salvo algumas exceções, todas possuíam uma água gelada, muito vento na beira do mar e grande quantidade de algas marinhas. As praias que se destacaram para o nosso gosto foram:
           - Reñaca: bela praia na cidade de Viñadel Mar que possuí uma orla com boa infraestrutura (barzinho, música, restaurantes), além de ter um mar limpo e uma boa faixa de areia. Sendo recomendada para quem procura badalação.
            - Papudo: pequeno e tranquilo balneário com águas calmas, extensa faixa de areia e um centrinho simpático, limpo e bem organizado. Indicada pra quem procura tranquilidade.
           - Cavancha: praia da cidade de Iquique que tem um esplendoroso pôr-do-sol, fácil acesso à excelente infraestrutura da cidade, muitas opções de entretenimento na beira da praia (calçadão com ciclovia, feirinhas, quadras, escola de surf, mini zoológico) e uma boa faixa de areia com o mar propício para banho. Praia que serve para amigos procurando festa e família querendo descansar.
     O Chile, para brasileiros, é um pouco caro. Mesmo assim, existem produtos que são baratos em comparação com o preço no Brasil devido à inexistência de imposto de importação. É difícil dizer que alguém é pobre no Chile, pois todos dirigem caminhonetes do ano, possuem televisões gigantescas de plasma e usam roupas e produtos importados. Somente em locais mais isolados é que percebemos a ausência de fatores essenciais para uma boa qualidade vida.
      Durante a nossa passagem pelo país, pudemos observar regiões com uma beleza ímpar. A cidade de San Pedro de Atacama apresentou uma gama incrível de opções de turismo e de paisagens inigualáveis, variando de uma laguna sete vezes mais salgada que o mar até gêiseres à 4.200m de altitude que expelem água fervente em meio à uma temperatura negativa. Nos vales próximos ao centro da cidade, ficamos sabendo do costume dos criadores de lhama de marca-las com uma fita na orelha para saber a quem pertence.
     Alguns fatores curiosos que observamos durante nossas pedaladas foram que eles têm o hábito de acampar da beira da praia, a presença de grande quantidade de artistas de rua, a venda de uniformes escolares em grandes lojas de departamento e a venda de cabritos inteiros na beira da estrada. Os chilenos montam um verdadeiro acampamento quando vão à praia. Muitos levam barracas, gerador, barraca para banheiro e tudo mais, passando as férias inteiras acampados na areia. Em todos os povoados por quais passamos, por menores que fossem, existiam pessoas fazendo escultura, duplas de comédia, teatro ao ar livre, mini orquestra que aglomeravam muitos espectadores. Pedalamos por estradas onde os moradores locais vendiam cabritos, sem a pele e sem as vísceras, enrolados em um pano branco similar a uma fronha, sendo que os animais ficavam o dia todo expostos ao sol! 
     Em toda extensão do país existem incontáveis minas de cobre.Uma característica do Chile é a exploração do terreno através das minas ao invés da atividade agropecuária. A maioria das pequenas plantações por quais passamos eram vinhedos ou de subsistência.
     Durante os dias em que estivemos em solo chileno, sentimos uma sensação de segurança que até então não havíamos experimentado nesta expedição. O povo prima pela segurança. Víamos muitos carabineiros (policiais) em todas as cidades por quais passamos, de Santiago (capital nacional) à Chanavaya (pequeno povoado de pescadores). Segundo relatos dos nativos, a rigidez da polícia faz com as leis sejam respeitadas pelos habitantes.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

99° Dia –Sicuani – 23/02/11 – Quarta-feira

     Acordamos tarde e o tempo não estava dos melhores. Como ontem não tivemos muito tempo para conhecer a cidade, decidimos permanecer aqui e dar uma volta.
     Saímos para comprar comida e explorar a região. Acabamos conhecendo a praça principal da cidade. Havia vários arbustos podados em forma de animais (muito legal). Em volta da praça também tinha uns restaurantes bem interessantes, onde paramos para comer algo. Pedimos um peixe frito e um salchipão e provamos a cerveja local “Cusqueña”. Tudo estava muito bom, principalmente o peixe e a cerveja. A Cusqueña, segundo o nosso paladar, algo em entre a uruguaia Patrícia e nossa Polar. Enquanto jantávamos, recebemos uma ligação da nossa amiga (e madrinha de casamento) Lu nos dando boas novas (divulgaremos num momento oportuno!).
     Após jantarmos, passamos numa lan house e viemos para o hostal. Já arrumei (Moacir) as minhas coisas para amanhã e estou escrevendo enquanto a Cris arruma as suas. Em seguida iremos dormir, pois queremos acordar cedo amanhã.
Gastos:
- Hostal: R$20,00   - Janta: R$16,70   - Comidas: R$4,35   - Internet: R$0,40

sábado, 26 de fevereiro de 2011

98° Dia – Pucara - Sicuani – 22/02/11 – Terça-feira

     Ontem a noite ainda sai (Moacir) para comprar pães e uma coca-cola para acompanhar a nossa deliciosa sopa maggi reforçada com arroz extra. Hoje acordamos aproximadamente às 10h, arrumamos tudo e fomos para o ponto de ônibus. Chegando lá, vimos um monte de gente esperando algum tipo de locomoção para os povoados vizinhos. A cada caminhão e caminhonete que passava, o pessoal se jogava na frente para pedir carona. Numa ocasião onde um motorista de uma caminhonete se solidarizou com os pedidos e parou para dar carona, não demorou cinco segundos e já havia sete pessoas com todas as suas tralhas (que não eram poucas) na caçamba.
     Pouco tempo depois, passou um ônibus em direção a Cusco. Como o ônibus era de dois andares e não possuía um bagageiro muito amplo, não teríamos como levar as bicicletas. Neste mesmo ônibus, as pessoas se jogavam para dentro sem controle algum, sendo que o motorista chegou a arrancar com as pessoas penduradas na porta!
     Às 12h30min avistamos um ônibus vindo e chamamo-lo. Assim que parou, perguntamos se havia espaço para as duas bicicletas e recebemos resposta afirmativa. Prontamente colocamos todas as nossas coisas no bagageiro e embarcamos. Ao entrarmos, sentimos um odor de urina absurdamente forte. Infelizmente só tinha assento vago próximo ao banheiro. Assim que nos acomodamos, abrimos a janela e ficamos impressionados como ninguém se importava com aquele cheiro, pois todas as janelas estavam fechadas. Durante a viagem passamos por “La Raya”, um povoado a 4.338m de altitude. Nesta localidade o frio era extremamente intenso e havia morros cheios de neve no cume por todos os lados.
     Chegando em Sicuani, saímos da rodoviária a procura de algum lugar para dormir. Nos arredores do “terminal de buses” era cheio de hospedagens, mas cada qual pior que a outra. Conseguimos achar uma boazinha e nos instalamos. Como precisávamos comprar comida e também tínhamos que almoçar/jantar, fomos dar uma volta pela cidade.
     Perguntamos para várias pessoas onde havia um supermercado. Fomos seguindo as indicações e nos deparamos com o mercado público da cidade. O local era cheio de barraquinhas com os produtos expostos, sendo que havia várias cabeças de cabrito a venda. Após darmos uma volta e comprarmos uma manga, paramos para registrar o momento. Assim que tiramos uma foto, uma vendedora se indignou e ficou falando que não poderia tirar fotos, que era proibido. Ficamos pasmos edepois de alguns instantes de um silêncio ensurdecedor ela começou a dizer que tínhamos que pagar para fotografar. Tentei dialogar com ela, mas nem me olhava na cara. Para evitar confusões, fomos pedir a outra vendedora para filmarmos a sua banquinha, mas não fomos autorizados. Sendo assim, fomos atrás do que ainda não havíamos achado: COMIDA!
     Logo que saímos do mercado, começou a desabar o mundo. Ficamos em baixo de um toldinho esperando parar a chuva. Foi quando vi uma carrocinha vendendo sobremesas. Tinha três tipos de doces: arroz de leite, um creme parecido com sagu e um parecido com feijão carioquinha. Pedi um pote com um pouco de cada para levar, pois, assim que chegássemos de volta ao hostel, degustaria tais iguarias.
     A chuva deu uma trégua e seguimos nosso caminho. Paramos num restaurantezinho e, apesar de estarmos quase cacarejando de tanto frango que estamos comendo, tivemos que comer um frango assado com batata frita e salada, pois não tínhamos outra opção! Ainda passamos numa padaria e pegamos pães, empanadas e uma torta de banana.
     Na volta para o hostel, paramos numa lanhouse para saber das novidades e atualizar os blogs. Em seguida fomos para nossa caminha (já estamos estranhando cada noite dormir num quarto diferente!) para descansarmos um pouco. Mas antes provei os doces e, infelizmente, não eram grandes coisas.
Gastos:
- Hotel: R$20,00   - Internet: R$1,40   - Coca-cola: R$1,40   - Almoço: R$14,30   - Ônibus: R$13,50   - Excesso de bagagem: R$3,40   - Frutas: R$2,70   - Mantimentos: R$10,4   - Sobremesa: R$1,40   - Janta de ontem: R$2,50

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

97° Dia – Pucara - 21/02/11 – Segunda-feira

Casas típicas da região
     Acordamos muito bem depois de uma excelente noite de sono no hotel. Assim que levantamos, pedimos uma água quente para o pessoal do hotel e preparamos nosso café da manhã: café com leite (com o leite em pó que carregamos para essas situações) e sucrilhos! Após comer, voltamos para cama para mais uma recostada.
     Aproximadamente ao meio-dia, levantamos e fomos conhecer as ruínas e os museus da cidade. A cidade, na verdade, é um pequeno povoado com umas 70 casas e ruas bem estreitas. Caminhamos em direção aos morros e começamos a avistar os muros e “escadarias” das ruínas. Estar num local com tantos anos de história nos faz refletir sobre tudo que já aconteceu naquelas construções, como elas foram elaboradas e para o que, realmente, eram utilizadas.
Catedral ao fundo
     Em seguida, fomos à praça principal e nos deparamos com uma catedral bem interessante. Uma construção muito bela, toda de pedras e comos 360° com orbes e esculturas. Depois vimos uma praça secundária, na qual tem várias estátuas tradicionais de touros. Nesta altura a fome já estava aparecendo e decidimos procurar algum lugar para almoçar.
     Passamos em vários restaurantes e todos somente serviam comida típica da região. Como a Cris não estava muito bem do estômago, paramos no único que servia algo mais próximo do que estamos acostumados. Aqui a comida é muito barata! O preço do almoço variou de 2 a 5 sólis (R$1,35 a R$3,35)! Pedimos um peixe frito com arroz e salada para Cris e para mim uma sopa de entrada (com muita coisa dentro, mas somente conhecia batata e cenoura!) e uma massa com frango de prato principal. Para acompanhar nosso almoço, pegamos uma coca-cola500ml. Após comermos, voltamos ao hotel para descansar e colocar uma pomada nas picadas que tenho na perna esquerda (30 picadas!).
Ruínas
     Quando a pomada secou, fomos ao posto de venda de passagem para ver quanto custa e em que horários há ônibus para Sicuani. Ficamos sabendo que o ônibus passa em diversos horários pela manhã e que custa R$6,70. Aqui é muito complicado pedalar, pois tem a altitude que dificulta a respiração, a estrada em condições precárias, o sol (que nos faz suar) combinado com um vento gelado e a chuva diária (de dezembro a março chove todos os dias). Sendo assim, iremos de ônibus até Sicuani, parte mais alta do caminho à Cusco, e depois continuaremos pedalando.
Tourinho de Pucara
     Voltando para o hotel, passamos na lojinha de artesanato que tem no térreo e fizemos algumas comprinhas (uma manta, dois martelinhos e um enfeite de parede feito em cerâmica). Agora estamos no quarto assistindo a diferenciada televisão peruana enquanto escrevo. Em breve vou fazer nossa janta com o fogareiro no banheiro (sopa Maggi com arroz) e, em seguida, começaremos a arrumar tudo para amanhã. Exatamente neste momento começou a chuva da noite, sendo a quarta vez no dia que está chovendo.
Gastos:
- Hotel: R$20,00   - Almoço: R$6,70   - Artesanatos: R$22,00

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

96° Dia – Juliaca – Pucara - 20/02/11 – Domingo

Saída precária de Juliaca
     Hoje o dia amanheceu chuvoso, como de costume. Como estávamos decididos a continuar a nossa viagem, tivemos que improvisar: reduzimos o nosso trajeto para 65Km (em vez dos 100Km até Ayaviri) para poder realizá-lo na parte da tarde. Ficamos no hotel até o meio-dia e, quando a chuva deu uma trégua, seguimos rumo a Pucara.
     A saída de Juliaca foi um caos, a cidade estava toda alagada, as ruas de terra estavam intransitáveis, o trânsito estava pior que o de costume (não ficávamos dez segundos sem escutar uma busina) e o lixo estava espalhado por todas as partes. O Moacir tentou perguntar para vários habitantes como se chegava à estrada para Cusco, mas não davam muita atenção e uma vez  foi completamente ignorado (um tiozinho deixou ele falando sozinho!). Depois de 5Km, entramos na estrada e as condições melhoraram um pouco.
     Pedalamos 20Km nestas boas condições, acompanhados por um belo vale verdinho e campo por todos os lados. Entretanto, depois de uma bifurcação o asfalto ficou muito ruim. Estava todo esburacado, cheio de pedras no acostamento e, em alguns momentos, parecia que estávamos pilotando uma britadeira. Para piorar a situação, a chuva e o vento começaram a nos atrapalhar. Além disso, pedalamos durante todo o dia entre 3.600m e 3.850m de altitude, ou seja, com uma certa dificuldade para respirar a cada esforço maior.Conseguimos aguentar mais 30Km nessas circunstâncias nada favoráveis, até que, uma tempestade se mostrava à nossa frente.
Rumo à Pucara
     Assim que escutei (Cris) o primeiro trovão, “sugeri” ao Moacir que parássemos no povoado mais perto. Assim que chegamos em frente ao povoado, percebemos que ele não teria nenhuma condição de nos acomodar (era um povoado de campesinos com poucas casas de barro e palha e sem nenhum comércio). Preocupado pela chuva iminente, o Moacir começou a pedir carona para as vans que passavam. Na terceira tentativa, um senhor muito gentil que fazia o transporte de passageiros entre Juliaca e Pucara parou e nos acolheu. Assim que nos acomodamos na van a tempestade começou a cair (obrigada anjos da guarda e motorista da van!).
    Ao desembarcar em Pucara, fomos abordados por uma moça que nos perguntou se procurávamos hospedagem, parecia que o universo estava conspirando a nosso favor. Aceitamos ver o quarto que ela oferecia, gostamos e nos instalamos. Depois do banho, o Moacir tomou um antialérgico,pois estava com algumas picadas de inseto e eu tomei um antigripal para evitar que a dor de garganta e a gripe voltassem. Dessa maneira, caímos na cama e só levantamos às 21h para sairmos para jantar. Como todos os restaurantes já estavam fechados (aqui o hábito é bem diferente do Chile, eles acordam e dormem cedo, aproveitando a luz solar já que os recursos são escassos), comemos um sanduíche e um chocolate quente em uma cafeteria e voltamos para a hospedagem. Agora estamos vendo uma TV local e aproveitando o calor dos cobertores de lã peruana! Amanhã pretendemos conhecer as ruínas e o museu da cidade!
Gastos:
- Hotel: R$20,00   - Janta: R$2,00   - Van: R$4,00
Estatísticas:
- Distância: 51,76Km   - Tempo: 3h30min11”   - Média: 14,77Km/h
Condições da estrada:
- Piores condições até hoje. Asfalto do acostamento e da pista muito ruim, cheio de buracos e cheio de pedras.

95° Dia – Juliaca – 19/02/11 – Sábado

     Hoje, mais uma vez, iríamos para Ayaviri, mas o dia amanheceu fechado e a Cris continuava com uma dorzinha de garganta. Sendo assim, optamos por permanecer mais um dia na cidade, pois temos tempo de sobra para chegar a Cusco antes da chegada da mãe e, também, não valia a pena arriscar uma recaída nas condições de saúde da Cris.
     Passamos o dia no quarto do hotel. Somente sai alguns instantes para ir ao supermercado e numa lanhouse para atualizar o blog. Agora vamos dormir para amanhã pedalarmos desde o início do dia.
Gastos:
- Hotel: R$30,00- Internet: R$0,70   - Supermercado: R$6,80

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

94° Dia – Juliaca – 18/02/11 – Sexta-feira

Catedral de Juliaca
     Hoje iríamos para Ayaviri, mas o dia amanheceu fechado e garoando e a Cris não acordou muito bem. Sendo assim, aproveitamos o dia para descansar um pouco e conhecer a cidade.
    Às 17h fomos dar uma volta no centro da cidade e vimos a praça principal e a catedral. Quando estávamos indo ao supermercado, avistamos uma feirinha de artesanato bem legal. Ficamos uns 30min passando nas barraquinhas e observando o incrível trabalho de tecelagem das peruanas. Compramos um regalito para o filho da Dani (irmã da Cris) que irá nascer em meados de maio.
     Em seguida, fomos a uma lanhouse para atualizar o blog e ver as notícias da nossa tão querida terrinha. A saudade está cada vez mais forte. Em vários momentos durante o dia nos pegamos pensando nas nossas famílias e amigos que deixamos em Porto Alegre. Fizemos o que tínhamos que fazer e fomos ao supermercado para comprar mantimentos para a viagem de amanhã.

Pequenino mamão

     Chegamos de volta ao hotel e fui fazer um arroz para acompanhar o frango assado que havíamos comprado, mas o fogareiro não estava funcionando corretamente. Desta maneira, a nossa janta foram alguns sanduíches com o frango. Após comermos, preparamos tudo para partir amanhã. Agora estou escrevendo enquanto conversamos e assistimos um pouco de televisão.
Gastos:
- Hotel: R$30,00  - Artesanato: R$10,00 - Supermercado: R$27,00 - Internet: R$1,40

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

93° Dia – Puno – Juliaca – 17/02/11 – Quinta-feira

Vista de Puno
     Hoje acordamos abaixo de chuva. Às 7h abri a janela, chamei a Cris e mostrei que, infelizmente, teríamos que ficar um tempo a mais, quentinhos embaixo das cobertas. Assim ficamos até umas 10h, então levantamos e tomamos nosso café da manhã. Quando já estávamos pensando no que fazer em mais um dia em Puno, abrimos a janela e vimos um brilhante sol.
     Já era 11h e não tínhamos arrumado nada para partir rumo a Juliaca. Ficamos um tempo em dúvida e vendo os prós e contras de arriscarmos e pegarmos a estrada. Como o sol deu uma firmada e as nuvens diminuíram, decidimos arriscar e pedalar nas alturas do Peru. Arrumamos tudo (enquanto arrumávamos as roupas, percebemos que a lavanderia havia sumido com minha regata!) rapidamente e partimos.
     A saída da cidade foi complicada. Puno e o Titikaka (o significado de Titikaka é “Puma de Pedra” – segundo eles o lago parece um puma) ficam num vale rodeado de montanhas. Logo de início subimos, vagarosamente, até uns 4.000m de altitude (estava difícil de respirar). Em seguida pegamos uma longa e pouco íngreme descida que nos ajudou bastante. Paramos para comer no pedágio que havia e aproveitamos para nos informar sobre o caminho até Juliaca. Felizmente recebemos a informação de que era plano o tempo todo! Motivados com a notícia, continuamos nosso caminho no meio daquela imensidão verde que não estávamos mais acostumados (48 dias no Chile de pura areia e pedra!).
Campos altiplânicos floridos
     Chegando na cidade, nos dirigimos para o centro, pois havíamos visto na internet que tem um hostel nas proximidades. O trânsito é tão, ou mais, tumultuado do que o de Puno. Os motoristas não respeitam nada nem ninguém! Depois de um tempo, achamos um hotel bem localizado, bonitinho e barato. Foi este mesmo! Instalamo-nos, tomamos banho e descansamos um pouco, pois estávamos cansados apesar de ter sido pouco tempo de pedal.
     Acordei lá pelas 21h e fui ao supermercado para comprar algo para comer e os mantimentos para o dia de amanhã. Chegando de volta no hotel, comemos umas uvas, empanada de pollo, torta de verdura e sanduíches. Agora estou escrevendo enquanto a Cris está vendo televisão. Em breve vamos dormir, pois amanhã tem uns 100Km de pedal duro pela frente.
Gastos:
- Hotel: R$30,00   - Supermercado: R$22,00
Estatísticas:
- Distância: 44,37Km   - Tempo: 2h39min05” - Média: 16,73Km/h
Condições da estrada:
- Inicialmente ruim, pois não havia acostamento. Após uns20Km o acostamento ficou largo e com um asfalto em muito boas condições.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

92° Dia – Puno -16/02/11 – Quarta-feira

No teto da lancha no meio do Titikaka
     Acordamos às 6h para nos prepararmos para o dia de passeio no Lago Titikaka. Tomamos nosso café da manhã, nos arrumamos e descemos para esperar o translado até o porto. Às 7h10min chega o pessoal da empresa de turismo e lá fomos nós.
    Chegando ao porto, subimos numa pequena e confortável embarcação. Fomos recepcionados por um peruano que tocou algumas músicas com instrumentos tradicionais da região. Assim que começamos a navegar, o guia se apresentou e falou um pouco sobre a região. Como estava chovendo, ele avisou que o itinerário do passeio seria invertido e que demoraríamos cerca de 3h até chegarmos na ilha de Taquile, nossa primeira parada. Com todo esse tempo livre e a chuvinha batendo no vidro, fomos obrigados a complementar a noite de sono com mais uma bodiada.
Senhor com as vestimentas tradicionais no centro de Taquile
     Acordamos um pouco antes de chegar à ilha e aproveitamos para ir para parte externa da embarcação e tirar umas fotos. Instantes antes de atracarmos, o guia começou a falar um pouco mais sobre os habitantes da ilha e sua história. Ficamos sabendo que se tratava de um povoado de origem Inca que tinha como atividades principais a tecelagem, a agricultura (a ilha possui diversos microclimas, possibilitando o cultivo de inúmeros vegetais) e a pecuária.O povoado também possuí uma maneira única de se vestir, sendo padronizado o “gorro” dos homens e as saias das mulheres conforme o estado civil. A tecelagem deste povoado foi tombada pela UNESCO como patrimônio cultural.
Curtindo um visual em Taquile
     Chegando na ilha, subimos uma longa rampa de pedras que levava até o centro do povoado. Neste centrinho, estava a igreja, a prefeitura e o principal mercado onde eles vendem seus produtos de tecelagem. Neste ponto da ilha, tínhamos uma visão muito bela do lago e das montanhas ao seu redor. Em seguida, fomos almoçar num restaurante que havia sido designado pelas autoridades da ilha (existe uma definição de restaurante para cada grupo de turistas para que todos possam ter sua renda). O almoço era uma sopa tradicional de entrada e truta frita com arroz, salada e batata frita como prato principal,acompanhados de um chá de coca com uma planta que eles consideram a menta local.
Mulheres das Islas de Uros
     Após comermos, continuamos a atravessar a ilha e nos deparamos com a escadaria que o guia havia falado. Eram 500 degraus dos mais diversos tamanhos que ligavam o topo da ilha com a água do lago. A vista era maravilhosa, sendo que nesta altura o sol já estava nos prestigiando com a sua presença. Descemos lentamente enquanto apreciávamos aquela maravilha em frente aos nossos olhos. Entramos na lancha e o guia avisou que eram 2h30min até a próxima parada. Lá fomos nós para a saudável ciesta
     Assim que fomos nos aproximando às ilhas de Uros, pudemos perceber a grande quantidade de junco que havia. O guia começou a explicar que as ilhas que veríamos eram artificiais e feitas unicamente de totora (espécie de junco). O povoado que habita estas ilhas flutuantes são pré-Inca e vivem da pesca, caça e, atualmente, da comercialização dos artesanatos que confeccionam. Ao entrar no vilarejo através de um canal central (como se fosse uma rua com casas dos dois lados) não acreditávamos no que estávamos vendo.
Uma das islas de Uros
     São 50 ilhas flutuantes que abrigam várias pessoas e exibem os mais variados trabalhos com o junco. As ilhas são formadas com uma base de terra e raiz de totora (material com excelente flutuabilidade) e posteriores camadas deste junco, sendo que este conjunto atinge 3m de espessura! Em cima destas ilhas, eles constroem casas, artesanato, imensas figuras e tudo mais que se imaginar somente com esta planta. As ilhas levam cerca de seis meses para serem construídas e duram, aproximadamente, trinta anos.Eles também confeccionam barcos típicos com junco e corda. Existem três modelos mais comuns:
    - pequeno, para uso individual que eles utilizam para a caça e pesca;
    - grande, para uso coletivo utilizado para transporte de pessoal e material; e
Mercedes Benz e Tradicional
   - grande com uma parte coberta e base dupla, para uso coletivo utilizado para transporte de pessoal e material (batizado de Mercedes Benz);
    Desembarcamos numa das ilhas, ouvimos a explicação de como eles constroem as ilhas, entramos em uma das casas, vimos seus artesanatos, cantamos (primeiro os moradores das ilhas cantaram e, posteriormente, os turistas de cada país cantaram uma música de sua cultura) e fomos dar uma volta no Mercedes Benz. Inicialmente estávamos curtindo o visual e a experiência única, mas o tempo começou a virar repentinamente e tornou-se inviável navegar naquela embarcação. Sendo assim, atracamos em uma outra ilha onde fomos resgatados pela lancha. Seguimos deste povoado direto para o porto de Puno.
Passeio de Mercedes
     Desembarcamos no porto e fomos levados de volta para o hostel. Passamos no quarto e em seguida saímos para comprar o nosso café de amanhã e jantarmos. Passamos no Machu Pizza e pedimos uma pizza familiar para levar e fomos comprar pão e frios para amanhã enquanto a pizza ficava pronta. Chegando de volta ao Machu Pizza, a nossa pizza ainda não estava pronta e decidimos mudar os planos:optamos por comer a pizza lá mesmo e pedir outra para levar!
   Chegando de volta ao hostel, estamos escrevendo o relato de hoje e, em breve, vamos degustar mais uma pizza e arrumar tudo para partirmos amanhã para Juliaca.
Obs.: Aqui eles armazenam tudo sem refrigeração. Iogurte e manteiga são vendidos em prateleiras ao lado de cereais e papel higiênico.
Gastos:
- Hostel: R$27,00   - Tour pelo Lago Titikaka: R$40,00 - Almoço: R$27,00 - Artesanato: R$16,50 - Passeio de Mercedes: R$14,00  - Janta: R$ 25,30  - Mantimentos: R$8,00

sábado, 19 de fevereiro de 2011

91° Dia – Puno -15/02/11 – Terça-feira

Mototaxi clássico do Peru
   Acordamos às 9h e o céu estava bem nublado. Como a programação de hoje era conhecer o povoado de Chucuito, resolvemos dormir um pouco mais e só fazer o passeio à tarde. Tínhamos a expectativa do tempo abrir, pois conhecer ruínas em dia de chuva não deve ser nada agradável.
   Felizmente, em torno de 11h o céu abriu e o sol veio nos prestigiar. Arrumamo-nos prontamente e saímos em busca do terminal rodoviário que nos levaria a Chucuito. Aproveitamos que o caminho até o terminal era longo e fomos conhecer o meio de transporte muito peculiar do Peru: o mototaxi. Este consiste em uma cabine para duas pessoas, coberta por lona e carregada por uma moto (parece uma carruagem, onde os cavalos foram substituídos por uma moto).
   Assim que chegamos no terminal (rua com muitas vans), percebemos que a van que nos levaria ao povoado já estava de partida. Desta maneira, ingressamos imediatamente na locomoção e saímos. A van era do tamanho de uma topik, que carrega 12 pessoas em média, mas esta levava 19 passageiros adultos e 02 bebês. As pessoas pareciam não se importar em viajar “amontoadas”, como se isso fosse comum para elas. Além disso, a “cobradora” da van era uma senhora de aproximadamente 70 anos que ficava abrindo e fechando a pesada porta do veículo e, muitas vezes, viajando em pé para dar lugar aos passageiros.
Vista do Titikaka em Chucuito
   Nestas circunstâncias um pouco atípicas, chegamos em Chucuito. Descemos no centro da cidade onde há uma praça rodeada pela igreja, pela prefeitura e por alguns barzinhos. Vimos alguns adolescentes brincando e se banhando na fonte da praça (a temperatura estava em torno de 18°C) e ficamos impressionados em ver como as pessoas daqui sabem valorizar as pequenas coisas do cotidiano.
   Com esta imagem de alegria, seguimos para outro ponto da cidade que havíamos ouvido falar que tinha ruínas incas. No caminho, passamos por uma praça com seu solo todo desenhado em pedras com motivos folclóricos. Nesta mesma praça, encontramos o cemitério da cidade e uma bela capela estruturada com pedras enormes. Descemos mais um pouco e vimos o parque Inca Uyo, onde observamos as ruínas e o artesanato local.
   A cidade era bonita, rústica e preservava as características campesinas dos ancestrais incas, mas o que nos chamou mais atenção foi a beleza e a paz que o Lago Titikaka transmite àqueles que se acercam de sua margem. Não conseguimos resistir à imensidão do lago e ficamos admirando-o por uma hora. Quando o sol começou ao ficar forte demais, voltamos ao centro do povoado para pegar a van.
   Na volta para Puno, nos deparamos com uma passageira da van que carregava um bebê amarrado em suas costas com uma manta de lã. Pela primeira vez na expedição,estamos vivenciando uma cultura tão distinta da nossa. É incrível ver como algo tão diferente do que estamos acostumados possa funcionar tão bem.
Maneira tradicional de levar as crianças
   Chegando em Puno, fomos conhecer o Mercado Central. Comecei (Cris) a sentir muita dor de cabeça por causa da altitude, e resolvemos que já era hora de experimentar o famoso chá de coca. Paramos em uma cafeteria e pedimos dois. O sabor do chá é bem parecido com o do nosso mate e, para responder a dúvida de muitos, não dá “barato” nenhum, mas tira a dor de cabeça na hora!
   Como já estava melhor, fomos jantar. O Moacir pediu o prato típico CauCau (um caldo de miúdos que parecia uma mistura de mondongo com matanbre) com a bebida típica “huajsapata” (uma espécie de sangria, mas com pisco no lugar do vinho e que é servida quente – uma delícia!) e eu pedi um franguinho à milanesa com suco de abacaxi. Depois da deliciosa janta, fomos atualizar o blog e falar com a família. Agora estamos nos preparando para dormir, pois amanhã vamos conhecer as famosas ilhas naturais e flutuantes do Titikaka.
Gastos:
- Hostel: R$27,00  - Roupas: R$28,00  - Ida e volta de Chucuito: R$5,50 - Janta: R$24,00 - Chá de Coca: R$1,40 - Bolachas tradicionais: R$1,40 - Super: R$16,30

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

90° Dia –Puno -14/02/11 – Segunda-feira

     Hoje dormimos até às 14h30min para nos recuperarmos da longa viagem de ontem. Assim que acordamos, comemos os sanduíches frango que haviam sobrado da viagem e nos arrumamos para fazer um city tour. Estava frio e chovendo um pouco(aproximadamente 10°C), sendo assim, nos agasalhamos bem e saímos rumo ao centro de Puno.
     Dirigimo-nos caminhando pelas estreitas ruas aos principais pontos da cidade. Fomos ao centro de informações turísticas e perguntamos sobre os locais mais interessantes a serem visitados na região e sobre o caminho até Cusco. Após sermos atendidos, passamos na praça de armas, que está rodeada pela catedral, pela prefeitura, pela secretaria de justiça e por um grande hotel. Passeamos pelas vielas dePuno, recheadas de comércios (muitas casas de fotocópias), hotéis, restaurantes (todos são pizzarias também), casas de câmbio e agências de turismo. Aparentemente, o centro da cidade é voltado para o turismo e os Puñenos moram nos bairros residenciais que ficam mais afastados.
     Depois de conhecer o centro, fomos até a zona portuária para vermos o principal ponto da cidade: o Lago Titikaka! Já estava anoitecendo, o vento aumentando, ficando bem frio e a chuva querendo dar o ar da graça.Desta forma, ficamos pouco tempo admirando a grandeza e beleza do lago. Mesmo sendo um pequeno intervalo de tempo, pudemos perceber que é um lugar diferenciado e extremamente belo.
     Com o cair da noite, começamos a retornar ao hostel. Passamos por algumas barraquinhas de artesanatos que vendiam, principalmente, produtos de tecelagem com uma variedade e intensidade únicas de cores! No caminho, ainda compramos pão numa feirinha (parecido com uma massa de pizza) e num mercadinho (pão um pouco doce). Deixamos as compras no hostel e fomos numa lanhouse para atualizar os blogs e conversar com a família.
     Na lanhouse a Cris começou a ter uma forte dor de cabeça e voltou para o hostel. Assim que acabei de postar os últimos relatos, fui para o hostel ver como ela estava. Assim que cheguei, ela me disse que a dor de cabeça continuava e que estava se sentindo um pouco febril e com mal estar. Como não tínhamos comido praticamente nada durante o dia, eu disse que buscaria algo para comermos. Havíamos visto uma pizzaria bem legal e a Cris me pediu para trazer uma pizza. Fui até a tal pizzaria, mas estava fechada, sendo assim, fui até outra pizzaria (Machu Pizza) e peguei nossa janta. Voltei ao hostel e comemos a pizza que estava surpreendentemente gostosa! Também tinha comprado um doce de tiramissu numa confeitaria próxima à pizzaria enquanto esperava que o meu pedido ficasse pronto, mas o doce não agradou muito.
     Após comermos, a Cris já se sentia um pouco melhor e fomos dormir.
Gastos:
- Hostel: R$27,00- Janta: R$13,80 - Comidas: R$8,00 - Internet: R$1,70

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

89° Dia – Arica –Tacna – Puno -13/02/11 – Domingo

Saindo do Chile
     O dia de hoje foi, literalmente, um longo dia de viagem: começou às 9h do domingo e só terminou às 7h da segunda. Pedalamos, atravessamos uma fronteira, andamos de ônibus, saímos do nível do mar e fomos parar a 3.800m de altitude e saímos de um clima extremamente seco para um extremamente úmido. Foram 22h de incríveis descobertas, suor, cansaço e muita diversão.
     O início do dia já nos reservou boas notícias: a recepcionista do Hostel Doña Ines não nos cobrou a hospedagem e ainda nos ofereceu mais um excelente café da manhã. Assim que organizamos todo o equipamento da bike, partimos rumo à fronteira. Estávamos apreensivos, pois não sabíamos se poderíamos entrar no Peru com artesanatos e comidas.
Chegada no Peru
     Pedalamos uns 20km até chegar na aduana Chilena, registramos a nossa saída do Chile nos passaportes e perguntamos sobre as regras de imigração do Peru. O rapaz que nos atendeu nos informou que os peruanos não são muito rígidos nesta questão de entrada de produtos agrícolas. Animados com a resposta, seguimos em direção da aduana peruana. Ao chegarmos lá, entregamos os nossos passaportes e já fomos dirigidos para a cancela da polícia aduaneira, onde só verificaram os nossos dados e nos mandaram seguir (vocês não imaginam a cara de criança feliz do Moacir ao saber que não teria que deixar as suas frutas e os seus artesanatos na fronteira – ele estava traumatizado por ter tido que abandonar os pêssegos na fronteira entre a Argentina e o Chile).
Artesanatos e comidas a salvo!
      Assim que entramos no Peru, percebemos que a vegetação já começava à mudar, as árvores já se faziam mais presentes na paisagem e, mesmo nos lugares desérticos, haviam placas do governo informando sobre estudos agrícolas em tais terrenos. Pedalamos mais uns 30Km e entramos em Tacna. O calor estava insuportável, tivemos que parar duas vezes embaixo de árvores para nos refrescarmos um pouco e baixarmos a temperatura corporal. Também tivemos que fazer uma pausa devido à quebra de um raio da roda traseira da bike do Moacir.
     A cidade de Tacna é bem extensa, entramos uns 15Km até encontrarmos o centro. Apesar da aparente pobreza, as avenidas principais de Tacna são bem conservadas, as escolas e os parques infantis são incríveis, não se percebe esgoto a céu aberto e existem templos, de diversas religiões, que enriquecem muito a arquitetura local. Além disso, os produtos e serviços são mais baratos do que no Chile. Como o fuso horário do Peru é de 2h a menos que o do Chile, às 15h30min já estávamos no centro de Tacna.
Janta de rodoviária
     Sendo assim, decidimos ir até o terminal rodoviário para vermos os horários do ônibus para Puno. Depois de meia hora e de pedir informações para umas dez pessoas, encontramos o terminal. Logo que nos informamos que a viagem até Puno duraria 8h e que os horários de saída eram restritos à 7h ou 20h, decidimos comprar as passagens para às 20h e ganhar um dia no nosso cronograma. O problema é que estávamos imundos, cansados e com fome. Desta maneira, tivemos que improvisar: tomamos banho nas duchas da rodoviária, buscamos um frango com salada e batata frita para a janta, compramos pães em uma feirinha local para o lanche durante a viagem e descansamos sentados nos bancos do terminal mesmo. Na hora de embarcar percebemos algo, no mínimo, estranho: além de comprar a passagem, também tínhamos que comprar um tícket de acesso ao local de embarque! Após comprar o tal tícket, fomos embarcar as bicicletas. O cobrador do ônibus quis nos enrolar, cobrando um valor muito mais alto que o combinado com o vendedor das passagens. Como somos brasileiros, e, infelizmente, estamos acostumados com a malandragem, chamamos o vendedor e ele resolveu este imprevisto para nós. Acomodamo-nos e partimos rumo ao Lago Titicaca!
Panorâmica da rodoviária
     A viagem foi cansativa e o motorista um pouco veloz demais, mas chegamos inteiros em Puno às 5h da madrugada. Depois de dois meses sem uma gota de chuva no Chile, o Peru nos deu as boas vindas com uma boa chuvinha torrencial assim que descemos do ônibus. Como ainda era noite, montamos os equipamentos, pedimos algumas informações e nos dirigimos ao centro da cidade em busca do hostel da rede Hostelling International. Sabíamos que ele ficava perto da rua “Libertad”, mas não tínhamos maiores informações. O jeito foi sair pergunto mesmo. Apesar da boa vontade dos peruanos em nos ajudar, rodamos uma hora e meia e nada de encontrar o hostel. Quando desistimos de procurar e decidimos nos instalar em qualquer outro lugar, nos deparamos com o tão procurado hostel. Acertamos todos os detalhes do check in e subimos para o quarto. Já eram 7h e o sono estava nos vencendo. Comemos uns sanduiches e caímos na cama. Depois de 22h de viagem, merecíamos uma caminha quentinha!
Gastos:
- Ônibus: R$45,00   - Janta: R$25,00  - Comidas no caminho: R$5,00 - Banho na rodoviária: R$5,00
Estatística:
- Distância: 58,57Km   - Tempo: 4h13min34”   - Média: 13,85Km/h
Condições da estrada:
- Ruins, o acostamento estava com muitas pedras, tivemos que transitar pela linha branca a maior parte do tempo.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

88° Dia – Arica – 12/02/11 – Sábado

     Acordamos tranquilamente, tomamos nosso café e voltamos para o quarto. Enquanto a Cris foi dar uma descansada, fiquei elaborando o vídeo da nossa passagem pelo Chile. Assim que acabei, chamei-a para assistir.
     Em seguida, levantamos e nos arrumamos para darmos uma pedalada pela cidade. Saímos do hostel em direção às praias. Chegando na beira-mar, pudemos ratificar o que a Márcia (recepcionista do hostel) havia nos dito: a água está barrenta por causa da terra levada pelos rios que desembocam nas praias do centro. Sendo assim, continuamos pedalando em direção a uma praia mais ao sul, e que ficava afastada dos rios.
    Encontramos duas praias bem legais, uma com um mar mais forte e outra com uma enseada quase fechada, que parecia uma piscina. Vimos que amanhã poderemos passar o dia aproveitando estas duas praias. Depois de admirarmos um pouco e de tirarmos várias fotos, seguimos para o próximo destino: o Morro de Arica.
     Antes de subirmos o morro, paramos numas barraquinhas de comida em uma feirinha artesanal. Pegamos sucos, sucos com leite (batida), pizza e chaparrita. Depois de comermos, começamos a procurar o acesso ao morro. Encontramos o acesso para pedestres e lá fomos nós. Pena que era inviável pedalar, pois o início era uma escadaria e depois havia um pequeno caminho pavimentado com muita areia solta. Depois de uns 20min carregando e empurrando as bikes, tínhamos uma vista incrível de toda cidade e da imensidão do oceano.
     Lá de cima, vimos que havia um supermercado próximo do nosso hostel e da descida para carros. Como precisávamos comprar algumas coisas, decidimos descer pelo acesso de carros para aproveitar para poder descer sem carregar as bikes.
     Chegando no super, colocamos as bicicletas num bicicletário e fomos às compras. Aproveitamos que já estávamos lá, e compramos comida para o dia de amanhã (na praia) e para nossa pedalada rumo ao Peru, no dia seguinte. Pegamos até uma melancia inteira! Conseguimos acomodar tudo nas bikes e voltamos para o hostel.
     Assim que chegamos (lá pelas 21h), descarregamos tudo e deitamos um pouco para ver uma televisão e relaxar. Instantes depois, a Marcia bate na porta e nos dá uma ordem de despejo! Teríamos que sair do hostel até o meio-dia de amanhã, pois ela havia recebido uma reserva para, praticamente, todas as vagas (lembrando que fomos muito bem tratados e nos deixaram ficar duas noites sem pagar).
     Inicialmente ficamos meio perplexos, mas aos poucos fomos digerindo a notícia. O problema é que tínhamos uma melancia, oito bananas, cinco pêssegos, dois litros de iogurte e um litro e meio de suco para consumirmos até o café da manhã de amanhã. Sendo assim, peguei a nossa leiteira e coloquei uma banana picada, meio pacote de bolacha maria e um litro de iogurte para iniciar a janta. Depois disso, fomos comer a melancia. Abrimos a melancia e oferecemos para o pessoal, mas somente um casal aceitou. Desta maneira, entregamos para eles ¼ da melancia, a Cris comeu ¼ e eu comi a outra metade. Depois de matarmos nossa saudade de melancia, começamos a arrumar toda a bagunça. Aproximadamente às 2h, encerramos os trabalhos exaustos pela correria e fomos deitar.
Gastos:
- Almoço: R$22,30- Super: R$57,80

87° Dia – Iquique – Arica – 11/02/11 – Sexta-feira

     Hoje foi difícil acordar. Ontem à noite, fomos nos barzinhos que tem na beira-mar e acabamos entrando num muito engraçado. O bar não era bombástico, nem dos mais badalados, mas tinha uma pistinha de dança com frequentadores meio caricatos. Aproveitamos que ninguém nos conhecia e fizemos miséria na pista de dança: foi de salsa à samba enredo! Voltamos ao hostel às 3h para que conseguíssemos levantar até às 10h de hoje.
     Levantamos às 9h45min, tomamos nosso café, fizemos o check out e fomos para a rodoviária (pois o ônibus saía ao meio-dia). Quanto estávamos passando pelo centro da cidade, a Cris prendeu as duas rodas da bicicleta nos trilhos do bonde e teve uma queda espetacular (digna de Hollywood). Por sorte, o chão era de uma lajota bem lisa e ela não se machucou. Chegando na rodoviária, compramos as nossas passagens e aguardamos o horário para embarcar.
     Embarcamos assim que chegou o ônibus, surpreendentemente, sem muitos problemas para acomodar as bicicletas. A viagem foi tranquila e, mais uma vez, vimos que o caminho de bike seria complicado por existir pouquíssimos micros vilarejos até Arica.
      Chegando em Arica, procuramos o Hostel Doña Inês (no qual tínhamos feito reserva) para nos instalarmos. Depois de procurar um pouco, achamos o hostel. Fomos super bem recebidos pela atendente (que já nos deu várias dicas sobre a cidade), e levamos todas as nossas tralhas para o quarto. Depois de um belo banho, decidimos dar uma volta para conhecer a cidade.
      Pegamos um táxi coletivo, numa avenida próxima ao hostel, e fomos até o centro. Jantamos e, para nossa surpresa, nos deparamos novamente com o carnaval andino. Algumas “escolas” eram as mesmas que vimos em Iquique e outras eram diferentes. Depois de um tempo observando, continuamos a bater perna pelo centro. Encontramos uma feirinha bem legal de artesanato. Como já estava ficando tarde, pegamos um táxi de volta para o hostel para aproveitarmos que consigamos aproveitar o dia de amanhã.
Gastos:
- Hostel: R$8,00 (somente a reserva)   -Ônibus: R$48,00 - Bagagem extra: R$16,00 - Janta: R$24,00 - Taxi coletivo: R$7,20

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

86° DIA – Iquique – 10/02/2011 – Quinta-feira


     O Moacir acordou às 8h30min para se preparar para a entrevista com o pessoal do “O Viajante”, enquanto a bixo-do-mato aqui (que detesta câmeras) ficou dormindo. Depois da filmagem, ele foi me acordar e descemos para o café-da-manhã. Como havíamos nos programado para conhecer o centro histórico da cidade, tomamos o café e já começamos a nos arrumar para sair.
     Saímos caminhando pela beira da praia até uma rua fechada para pedestres (Peatonal Baquedano), onde se iniciava o centrinho histórico. Passamos por muitas casas antigas, bem características de zona portuária, pelo bonde, pela praça do relógio, pela praça de armas, pelos museus e pelas feiras artesanais. O centro é bem bonitinho, organizado, mas não possui grandes atrativos turísticos. Aproveitamos que já estávamos próximos à rodoviária e fomos ver os horários dos ônibus de amanhã para Arica. Ficamos tranquilos, pois todas as agências que faziam o translado levavam bicicletas (mediante pagamento de carga extra).
     Voltamos caminhando pelo centrinho e, aproveitamos para passar no supermercado para comprarmos o nosso almoço. Assim que chegamos nohostel, fomos cozinhar e atualizar o blog. Passamos o resto da tarde renomeando fotos, atualizando os relatos e falando com família e amigos. No início da noite, iniciamos os nossos preparativos para conhecer os bares da beira-mar que ficam na parte sul da cidade.
      Assim que jantamos, finalizamos os preparativos e fomos para a noite. Achávamos que os bares ficavam pertinho do hostel e fomos caminhando pelo calçadão. Passamos por muitos artistas de rua, pelo cassino, por um evento andino com banda tradicionalista e comida típica, e seguimos rumo à noite iquiqueña. Infelizmente, os bares não eram tão próximos quanto esperávamos e tivemos que caminhar muito. Já estávamos no meio de uma crise conjugal quando, finalmente, as luzes dos bares começaram a brilhar. Ficamos um pouco decepcionados na chegada, pois a maioria dos bares pareciam locais para happy hour, e não danceterias. Passamos pela frente de todos e, apesar da bela arquitetura de vários, nenhum nos chamava a atenção.
     Optamos por uma salsateca que não estava muito cheia, mas parecia divertida. Dançamos muito e voltamos para o hostel (de táxi coletivo) às 3h. Não quero nem ver como acordaremos amanhã!
Gastos:
-Hostel: R$40,00   - Noite: R$ 22,00 - Supermercado: R$8,40

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

85° Dia - Iquique - 09/02/11 - Quarta-feira

     Hoje estávamos decididos a conhecer a zona franca de Iquique. Acordamos às 9h30min, tomamos nosso café e partimos rumo ao "Mall Zofri" (maior centro comercial do local). Pegamos um taxi coletivo que nos deixou na porta! O local é, na verdade, inúmeras (muitas mesmo!) lojas que são cobertas por uma tenda gigantesca parecida com aquelas de circo. Nas proximidades, existe um setor pesqueiro que não deixa ninguém esquecer que está próximo do mar!
Picnic
     Batemos perna por todos os corredores lotados de lojinhas. Encontramos perfumes, pilhas, artesanato, panelas, eletrônicos e tudo mais que você possa imaginar! Realmente os preços são imbatíveis! Muitas coisas que nos faziam pensar: VOLTAREMOS AQUI!...rs.. A Cris comprou um perfume que estava procurando a tempos e compramos, ainda, algumas pilhas para nossos faróis. A maior compra que fizemos, foram duas máscaras gigantescas e muito legais. Ambas em madeira crua e com desenhos show de bola. Ficamos, durante muito tempo, em dúvida se deveríamos comprar, pois não sabíamos se teríamos condições de carregá-las. Como o preço estava muito bom, decidimos comprá-las e depois ver no que vai dar!
     Depois das compras e de almoçar por lá mesmo, voltamos para o hostel com um taxi coletivo. Chegando no hostel, embalamos as máscaras nos isolantes térmico (elas são maiores do que a largura dos dois isolantes lado a lado!) e só pretendemos tirá-las de lá para entregar para a mãe levar para o Brasil quando a encontrarmos em Cuzco! Depois da trabalheira, decidimos pegar uma praia, pois o tempo estava perfeito!
Vista da sacada do hostel
     Ficamos um tempo na praia curtindo o visual e arriscamos um banho no mar gelado (DELÍCIA!). Após relaxar bastante, a Cris deu a ideia de irmos no super para comprar os ingredientes para fazermos uns canapés com cerveja para assistirmos ao pôr-do-sol de um terracinho que tem no hostel. Saímos da praia, fomos no super e voltamos ao hostel para iniciar os preparativos. Infelizmente, assim que preparamos tudo, o terraço encheu de gente! Sendo assim, ficamos numa sacada embaixo do terraço. Pegamos a canga e montamos nosso picnic! Que delícia! Canapés, cerveja bem gelada, pôr-do-sol e uma companhia MARAVILHOSA! Não poderia pedir mais nada!
     Ficamos apreciando tudo até umas 21h, quando escureceu de vez. Descemos para cozinha, arrumamos tudo e fomos postar as novidades. Ficamos escrevendo, falando com o pessoal e degustando mais uma cerveja (Escudo) que estava descendo redondo. Enquanto escrevíamos, conhecemos dois brasileiros que também estavam postando sua viagem num blog. Durante o papo, descobrimos que se tratava do fundador do "O Viajante" e seu parceiro de viagem. Falamos sobre o nosso projeto e eles se interessaram em fazer uma gravação para o programa deles amanhã de manhã. Após conversarmos um pouco, acabarmos de postar e mandarmos as novidades para a nave mãe, fomos nos recolher, pois já era 1h30min e amanhã teremos mais um dia em Iquique!
Gastos:
- Hostel: R$40,00   - Taxi coletivo: R$8,00   - Perfume: R$8,00   - Máscaras: R$56,00   - Super: R$25,30   - Almoço: R$25,80