sábado, 30 de abril de 2011

158° Dia – Mancora - 23/04/2011 – Sábado

     A noite não foi das piores, mesmo com um motoqueiro quase caindo em cima da nossa barraca de tão bêbado e com um casal de americanos discutindo no meio da noite. Acordamos cedo, devido ao extremo calor que já estava, e aproveitamos para pegar uma praia.
     Paramos num barzinho para tomar nosso café da manhã e, em seguida, já estávamos na areia. Era umas 9h e o sol já estava muito forte, sendo assim, procuramos uma sombra para nos instalar. A única que achamos, foi a de uma casinha abandonada de salva-vidas. Estendemos a canga, colocamos nossos apetrechos e nos jogamos na areia! Coisa boa estar na beira da praia com o barulho e a brisa do mar. Ficamos toda a manhã intercalando períodos na areia e mergulhos no maravilhoso mar de Mancora.
     Chegando próximo ao meio-dia, decidimos que já estava na hora de voltarmos ao hostel e aproveitar a caminhada para ver algum lugar para passar a noite hoje. Passamos em diversas hospedajes para verificar disponibilidade e preços. Um pouco desiludidos (a relação de preço x qualidade é absurda por aqui!), chegamos ao hostel e fomos ver se tinha algum quarto vago para hoje. Recebemos a boa notícia de que havia liberado uma habitacion e que o preço era abaixo da média que vimos no resto da cidade. Como o hostel tem wifi e piscina, preferimos ficar por aqui mesmo, apesar da distância do mar ser um pouco maior.
    Desmontamos a barraca e levamos todas as nossas tralhas para o belo e rústico quarto. Tomamos um banho gelado para aliviar o calor e deitamos um pouco, pois estávamos cansados e com saudade de um colchão! Acordamos às 16h e fomos dar uma caminhada pelo calçadão.
     Como amanhã será domingo de Páscoa, nos separamos para comprar as guloseimas surpresas! Foram 30min de muita indecisão e procura. Depois de ambos passarem por muitas lojas com chocolates completamente derretidos e deformados, nos encontramos num restaurante que havíamos combinado. Comemos um ravióli de batata que nos fez repensar a culinária, a comida não tinha gosto de nada! Cada mastigada era a mesma coisa que um gole d'água!
     Depois da infrutífera tentativa de acharmos um bom restaurante, passeamos um pouco mais pelo calçadão e voltamos ao hostel para descansarmos. Amanhã iremos até Punta Sal (um balneário turístico que parece ser bem interessante). Agora estou escrevendo e a Cris tá acabando de arrumar as coisas dela para partirmos amanhã cedo.
Gastos:
- Hostal: R$60,00 - Páscoa: R$34,00 - Janta: R$16,00 - Almoço: R$12 - Água: R$2,00 - Café da manhã: R$5,30 - Pães: R$0,67

sexta-feira, 29 de abril de 2011

157° Dia – Sullana – Mancora - 22/04/2011 – Sexta-feira

    Hoje acordei um pouco melhor (Cris), mas com dificuldade de respirar ainda e sentindo-me fraca. Desta maneira, sugeri ao Moacir que fizéssemos o trajeto de hoje de ônibus. Ele não ficou muito empolgado, mas aceitou por perceber que seria o melhor para mim.
     Logo que tomamos o nosso café da manhã, arrumamos todos os equipamentos e pedalamos até o terminal rodoviário. A cidade, apesar de pequena, mantinha o tradicional trânsito caótico peruano. Ao chegarmos no terminal (um toldinho com seis cadeiras e nenhum funcionário) perguntamos para o motorista de um ônibus que estava estacionado o horário da saída para Mancora. Assim que ele nos informou que o próximo sairia às 13h30min, fomos comprar água gelada e procurar um lugar na sombra para esperarmos. O calor daqui está cada vez pior. As cidades são apelidadas de “cidade do calor eterno” e “cidade do eterno verão”, só para ter uma ideia do calor que andamos passando!
     O ônibus chegou meia hora atrasado e o Moacir correu para conversar com o motorista. Com tudo acertado, entramos no ônibus (que tinha ar condicionado) e iniciamos a nossa ida ao litoral. Eu enjoei um pouco na viagem, como de costume (cada vez que pegamos ônibus me lembro de como é bom viajar de bicicleta). Apesar do enjoo e dos atrasos, conseguimos chegar cedo na praia do prometido mar quentinho do Peru.
     Ao descermos no terminal, montamos as nossas bikes e iniciamos a caça à hospedagem. Ficamos impressionados em ver que Mancora é uma prainha bem estruturada, cheia de hotéis, restaurantes, lojinhas. Podemos compará-la às praias da Ferrugem e do Rosa do litoral Catarinense. Assim que começamos a procurar hostals, fomos percebendo que não foi uma boa ideia chegarmos no meio do feriadão de Páscoa. As diárias estavam caríssimas e os hotéis mais acessíveis já estavam lotados. Durante esta loucura de pedala para um lado, pedala para o outro, conhecemos um casal de ciclistas colombianos que estão viajando pela América do Sul, divulgando o seu trabalho com circo e tendo como objetivo “pedalar pela paz”. Achamos bem interessante o projeto deles e ficamos conversando por um tempo. Eles acabaram nos indicando a pousada que estavam ficando, mas acabamos optando por procurar outras.
     Perguntamos nos hostals e hotéis de toda praia, quando já estávamos quase desistindo, vimos um símbolo da Hi Hostel e resolvemos fazer a nossa última tentativa. Apesar de um pouco afastado da praia, o hostel era muito legal, com piscina, área de lazer, restaurante, área de camping. Ficamos encantados com o lugar. O Moacir foi perguntar na recepção sobre os preços das diárias, mas ele também estava lotado, só havia vaga para camping. Desta maneira, decidimos acampar mesmo e deixar uma reserva de quarto para amanhã.
     Sendo assim, montamos a nossa barraca, organizamos as bikes num local seguro, nos banhamos e fomos para o centro da cidade para almoçarmos e explorarmos a região. Passamos por diversos restaurantes, mas nenhum nos interessou e acabamos parando no malecón (calçadão da beira-mar). Já estava anoitecendo, mas tivemos que molhar os pés para ver se a água era quentinha. E era, realmente, uma delícia.
     Assim que saímos da orla, passamos por uma feirinha artesanal, por diversas lojinhas e paramos para comer em uma tratoria bem bonitinha localizada na avenida principal. Infelizmente a comida não era grande coisa e vinha pouca quantidade. Desta maneira, saímos para pegar um doce e passearmos um pouco mais até chegar a hora da janta (pois apesar de comermos às 19h, aquele era o nosso almoço)! Passeamos um pouco mais pela cidade, paramos para conversar na beira da praia novamente e, depois de duas horas, fomos comer novamente.
     Jantamos em um restaurante de menu de pescado, a comida era boa e barata. Depois de comer tanto, voltamos para o hostel para dormirmos cedo para poder aproveitar a praia amanhã. Agora estou escrevendo e percebendo que vai ser difícil dormir com a festinha que alguns hóspedes estão fazendo na piscina, mas vamos tentar mesmo assim!
Gastos:
- Camping: R$18,00   - Ônibus: R$20,00   - Excesso de bagagem: R$6,67   - Janta 1: R$27,40   - Janta 2: R$8,00   - Sorvete: R$1,70   - Doce: R$0,67   - Água: R$2,00

quinta-feira, 28 de abril de 2011

156° Dia – Sullana – 21/04/2011 – Quinta-feira

     Essa noite a Cris não conseguiu dormir quase nada. Ela estava o tempo inteiro com o nariz entupido e com dor de cabeça. Acordamos às 7h e ela estava sem as mínimas condições de pedalar. Sendo assim, optamos por ficar mais um dia na cidade para que ela possa se recuperar. Como vamos ficar por aqui mesmo, deitamos mais um tempinho.
      Levantamos lá pelas 11h e fomos dar uma volta pela cidade. Assim que dobramos a esquina, paramos numa lancheria para pegar um suco de abacaxi bem gelado. Foi engraçado receber o pedido em duas jarrinhas com um canudo ao invés de copos! Na mesma rua, passamos numa loja para a Cris dar uma olhada nos vestidinhos, mas todos eram meio ousados demais para o nosso gosto! Continuamos nosso passeio, chegamos na Plaza de Armas e não vimos nada muito atrativo, assim como no resto do dia.
     Passamos por um restaurantezinho que estava servindo menu e aproveitei para experimentar um peixinho feito com uma receita local. Infelizmente não agradou muito, mas, pelo menos, alimentou! Saindo do restaurante, fomos para uma sorveteria do outro lado da praça. Pegamos uma batata recheada para a Cris e dividimos uma banana split.
     Satisfeitos, fomos até um supermercado para comprar algumas coisas que estavam nos faltando. Depois de pegarmos tudo que queríamos, passamos no caixa e achamos estranhos diversos preços. Comparamos a nota com os valores que lembrávamos das prateleiras e vimos que a maioria estava diferente (para mais é claro!). Como não era apenas um produto, fomos reclamar com a caixa. Ela chamou o gerente e fui mostrar para ele as diferenças. Após constatar que tinha razão, me devolveu cinquenta centimos de nuevos solis. Na saída do super, ainda avisamos os que estavam na fila do caixa da sacanagem que estavam fazendo!
     Voltamos para o hotel para relaxarmos um pouco e a Cris ficar mais protegida do sol. Descansamos, vimos televisão e ficamos fazendo as plantas da nossa futura pousada (tomara que de tudo certo!).
      Mais tarde, a fome apareceu e saímos para jantar. Passamos na mesma lancheria do que de tarde e peguei uma batida de banana com algarrobina (tipo um mel que eles fazem de uma árvore típica da região). Enquanto a dona preparava a batida, sua filha pegava água de um balde no freezer (mesma água que usavam para fazer os sucos) com uma concha e bebia na própria concha por diversas vezes (higiene não é o forte deles). Depois de tomar a deliciosa batida (apesar de higiene duvidosa), fomos jantar numa lancheria na frente do nosso hotel. Pegamos uma hamburguesa e um hot-dog de pollo, mas, infelizmente, cada qual pior que o outro. Um pouco decepcionados, fomos até uma lan house para dar uma olhada na internet. Saindo da lan house, pegamos um picolezinho e voltamos para o nosso quarto. Arrumamos tudo para partir amanhã, sendo pedalando (se a Cris estiver bem) ou de ônibus (se a Cris não acordar legal).
Gastos:
- Hotel: R$33,33   - Janta: R$6,67   - Batida: R$1,67   - Sucos: R$2,00   - Almoço: R$3,33   - Lanche: R$12,20   - Supermercado: R$11,60   - Internet: R$0,67   - Picolé: R$1,67

quarta-feira, 27 de abril de 2011

155° Dia – Piura – Sullana – 20/04/2011 – Quarta-feira

     Queríamos acordar cedo, mas decidimos aproveitar um pouco mais o conforto do hotel, pois não sabíamos o que encontraríamos em Sullana. Levantamos às 11h e começamos a arrumar o que faltava, tomamos café e fomos para a estrada. Tivemos um bom pedaço de cidade antes de chegarmos à estrada. Aproveitamos para parar no supermercado para comprarmos uma água gelada e um saco de gelo para ver se conseguíamos ter água gelada durante a pedalada.
     Ao tentar entrar no supermercado pela entrada de automóveis, fomos abordados pelo segurança. Ele nos perguntou se iríamos comprar algo (meio óbvio não? Quase respondemos que “Não, estamos aqui para tentar vender nossas bikes no super!) e avisou que as bicicletas não poderiam entrar e que ele não se responsabilizaria pelas bagagens. Sendo assim, a Cris foi comprar tudo e fiquei esperando-a. Assim que ela retornou, colocamos tudo nas garrafinhas. Quando fui pegar a minha bike, percebi que o pezinho havia afundado no asfalto!
     Saímos da cidade e pegamos uma estrada com um acostamento muito ruim. Na verdade, nem podemos dizer que aquilo é acostamento, pois eram pedaços de asfalto perdidos no meio de areia e mato. Lembramos muito da nossa ida para Cidreira no natal de 2009, pois a estrada era muito parecida com a RS-040. Para piorar as coisas, o fluxo de automóveis era razoavelmente intenso e dificultava a nossa vida quando estávamos pedalando na linha branca. Mas como nem tudo é ruim, sabíamos que a distância era curta e que chegaríamos durante o dia com tranquilidade.
     Pedalávamos e conversávamos sobre um pouco de tudo, quando a Cris notou que o seu pneu dianteiro estava completamente murcho. Aproveitamos a parada para comer e descansar um pouco. O pneu não havia furado, somente o remendo (pois já tinha furado anteriormente) tinha soltado e estava com um pequeno vazamento devido a trepidação provocada pelas condições do acostamento. Voltamos para a estrada e chegamos num pedágio em pouco tempo. Lá recebemos uma boa notícia: faltava somente 13Km!
     A estrada continuou nas mesmas condições até a entrada da cidade. Num ponto mais movimentado, paramos para perguntar onde ficava a plaza de armas. O sujeito para quem perguntei, respondia apenas com gestos, não falava nada (grande parte das pessoas para quem perguntamos alguma coisa somente faz gestos ou ignora nossa abordagem), mas, desta vez, não desisti facilmente. Fiquei “importunando” o indivíduo até ele se prestar a responder decentemente! Com a informação que queríamos, continuamos nossas pedaladas.
     Chegando no centro da cidade, procuramos um lugar para ficar. Acabamos nos instalando num hotelzinho que achamos. Tomamos banho, alongamos, vimos um pouco de televisão e fomos jantar. Paramos num restaurante bem próximo ao hotel e pegamos dois arroz chaufa de pollo (tipo um risoto) com uma salada mista e uma jarra de suco de maracujá e uma de abacaxi. Não aguentamos comer tudo e, mesmo assim, saímos mal do restaurante por ter comido e bebido tanto (2l de suco!). Levamos para o nosso café da manhã de amanhã o resto do arroz.
     Antes de voltar ao hotel, passamos num supermercado aqui perto para comprar algumas coisinhas. Agora estamos no quarto e estou escrevendo enquanto a Cris toma um banho gelado para amenizar o calor.
Gastos:
- Hotel: R$33,33   - Janta: R$31,40   - Supermercado: R$3,20
Estatísticas:
- Distância: 41,09Km   - Tempo: 2h40min17”   - Média: 15,38Km/h
Condições da estrada:
- Hoje parecia que estávamos pedalando num ambiente conhecido, pena que era na RS-040 em véspera de feriadão! O acostamento era horrível e o fluxo de veículos dificultava a utilização da faixa branca para o nosso deslocamento.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Notícias

     Olá pessoal. Infelizmente, divido a problemas técnicos, ficaremos alguns dias sem postar. Estamos no norte do Peru e, dentro de poucos dias, já ingressaremos no Equador. Estamos aproveitando as ótimas praias que estamos encontrando. Podem ficar tranquilos que estamos bem! Beijos e saudades!

sábado, 23 de abril de 2011

154° Dia – Piura - 19/04/2011 – Terça-feira

     Dormimos até acordar! Coisa boa não se preocupar com o horário, somente levantar da cama quando realmente estiver com vontade! Levantamos e fomos tomar um café da manhã numa padaria aqui perto, pois acordamos com fome (as quatro hamburguesas da janta de ontem não fizeram muito efeito). Comemos umas empanadas e tomamos um belo suco natural de abacaxi e mamão.
     Em seguida, voltamos para o hostel e começamos a fazer pesquisas na internet sobre o que fazer no norte do Peru e sobre os nossos planos brasileños. Ficamos um bom tempo aproveitando a wifi do hostel, até sentirmos fome novamente. No início da tarde fomos dar uma caminhada pela cidade para ver se encontrávamos algum restaurante atraente.
     Passamos por um bem ajeitadinho e decidimos tentar a sorte. Pedimos um bife a milanesa com batatas fritas e salada e um frango com molho vermelho, arroz, feijão e salada. Quando chegou o prato da Cris (bife a milanesa), levamos um susto com o tamanho do pedaço de carne que veio! Não era muito grosso, mas deveria ter uns 300cm² de carne! Comemos tudo com uma jarra de chicha morada e uma coca-cola de meio litro. Na saída do restaurante, ainda pegamos um picolé para arrefecer o radiador.
     De volta ao hostal, passamos no quarto para colocar os trajes de banho e fomos para a beira da piscina. Ficamos conversando durante um bom tempo e aproveitando a piscina, pois estamos na “Cidade do calor eterno” (como eles chamam Piura). Valeu a pena ter pagado um pouco mais pela hospedagem nestes dois dias, pois estes momentos de descanso estão ajudando, e muito, na nossa recuperação pós pedalada!
     Voltamos para o quarto, atualizamos os blogs e conversamos com o pessoal. Mais uma vez, a fome começou a aparecer e saímos para jantar. Não estávamos motivados para procurar outro restaurante, então fomos ao mesmo local onde almoçamos. Enquanto jantávamos, dois irmãos (de 9 e 12 anos, mas pareciam ter 6 e 9 anos) vieram nos vender flores feitas com palha e ficamos conversando um tempo com eles.
     Antes de voltar ao hostel, passamos numa sorveteria e no supermercado, pois amanhã pedalaremos novamente. Agora estou escrevendo enquanto a Cris termina de arrumar as coisas dela.
Obs: Com os resultados de hoje da Libertadores, acreditamos que não ocorrerá o confronto Grêmio x LDU, ou seja, não conseguiremos pegar outro jogo do tricolor!
Gastos:
- Hostal: R$66,00   - Café da manhã: R$7,40   - Almoço: R$28,00   - Janta: R$22,70   - Sorvete: R$1,70   - Supermercado: 10,13  - Flor: R$5,00

sexta-feira, 22 de abril de 2011

153° Dia – Morrope – Piura - 18/04/2011 – Segunda-feira

     Senta que lá vem história!
     O dia de hoje foi uma verdadeira epopéia, pedalamos mais de 180Km pelo deserto Peruano. Vimos coisas que não imaginávamos, conhecemos um ciclista do outro lado do mundo e quase fomos assaltados. Ou seja, apesar de todos os desafios enfrentados, conseguimos vencer a nossa maior quilometragem pedalada na expedição e chegamos sãos e salvos!
     Despertamos cedo, 4h30min levantamos para tomar o nosso café da manhã. Eu (Cris) estava acabada, pois não consegui dormir cedo devido ao barulho dos nossos vizinhos. Prefiro nem comentar a classe de sons que fui obrigada a escutar, traumatizante. Desta maneira, convenci o Moacir de dormirmos mais uma hora e levantarmos as 6h para sairmos. Logo que acordamos pela segunda vez, arrumamos tudo e saímos. Ficamos impressionados em como as pessoas acordam cedo aqui, o sol estava nascendo e já havia muita gente na rua.
      Assim que saímos do hostal, uma imagem nos comoveu: um senhor de cerca de 60 anos saiu de dentro de uma barraquinha coberta de lonas e se dirigiu até o banheiro público da cidade para fazer a sua higiene diária. Ficamos olhando aquela cena e pensando o quanto somos ingratos ao reclamarmos de não termos “um quarto com banheiro privado”. Ficamos pensando em quais condições aquele pobre senhor deveria dormir, e em como ele poderia ficar feliz se tivesse aquela cama do hostal, que tanto reclamamos, para dormir.
     Com a certeza de que devemos ser muito mais agradecidos por tudo que temos, saímos de  Morrope em direção à Piura. A estrada estava tranquila, uma brisa fresca nos animava a pedalarmos cada vez mais rápido. Sabíamos que deveríamos manter a média de velocidade de 18Km/h e que a tendência era essa média ir reduzindo ao longo do dia. Por isso, pedalamos o mais rápido que podíamos no início da manhã. Às 10h o calor começou a ficar mais intenso, nossa água já estava quente e a perspectiva de encontrar uma sombra diminuía a cada quilômetro pedalado.
     Quando já estávamos determinados a parar na beira da estrada mesmo para descansar, avistamos um restaurante. Pedalarmos até ele e entramos. Havia mais dois clientes no restaurante, vimos que eles estavam comendo carne com arroz e feijão e nos animamos.  Quando a garçonete nos atendeu, perguntamos o que tinha de almoço e ela nos disse que só havia frango assado com arroz.  Achamos meio estranho que, às 11h da manhã e com apenas dois clientes na loja, o almoço tenha acabado, mas aceitamos o frango mesmo assim. Depois de um tempo, ela voltou e avisou que só havia massa com frango! Quando a comida chegou, pedimos uma coca-cola gelada, mas a moça disse que só havia fora do gelo. Aceitamos a bebida assim mesmo e comemos. Depois do almoço, decidimos que seria melhor descansar um pouco antes de seguirmos para não pegarmos tanto sol. Ficamos esperando a atendente para pedir uma água gelada por meia-hora. Durante esta espera, vimos os cachorros entrarem e saírem da cozinha, assim como uma galinha que caminhava pelo saguão e defecou ao lado do balcão do bar. A atendente só apareceu quando outro cliente chegou, aproveitamos que ela estava ali e pedimos a água, mas como não havia gelada, falamos que poderia ser um refrigerante mesmo. Foi aí que ela nos disse que só havia inka-cola e coca-cola geladas. Ficamos pasmos! Como antes não havia gelada e agora há? Resolvemos relevar, pensando que ela não deve ter nos entendido. Enquanto bebíamos a nossa inka-cola gelada, o Moacir me mostrou um rato que sacudia o seu rabinho no telhado que dividia a cozinha do saguão. Como já havíamos almoçado mesmo, só nos restou dar risada da situação e ir embora.
     Ao sairmos do restaurante, vimos um cicloturista chegando no restaurante. O nome dele é Sam, é um Inglês que já está viajando de bicicleta por todo o mundo há dois anos. Conversamos com ele sobre os nossos trajetos (pois ele está viajando no sentido oposto do nosso), sobre as diferentes culturas e belezas naturais e tiramos algumas fotos. Após nos despedirmos, seguimos viagem até Piura, pois teríamos que vencer mais 100Km ao longo do dia.
     O início da pedalada rendeu muito porque o terreno era plano e o vento estava ao nosso favor. Quando faltava cerca de 60Km, o terreno começou a modificar-se e o sobe e desce, acompanhado de tempestade de areia, apareceu para nos atrapalhar. O Moacir não quis se render, pedalou com todas as suas forças (me puxando com o extensor) por mais 30Km, mas teve que parar quando começou a passar mal. Acreditamos que o almoço não fez muito bem para ele. Desta maneira, descansamos por um tempo e, depois, começamos a pedalar no meu ritmo para ele poder se recompor.
     Ao cair da noite, chegamos em Piura. A entrada da cidade foi um caos, estava cheia de reformas na estrada, os carros não paravam de buzinar e o asfalto estava todo esburacado. Paramos em alguns pontos para perguntar sobre o centro da cidade. Recebemos muitas dicas dos moradores locais para cuidarmos das nossas coisas pois haviam muitos roubos na cidade.
     Assim que chegamos no centro, umas avenidas bem bonitas se mostraram a nossa frente. Fomos até a praça de armas a procura de hostals, mas só havia um hotel caríssimo. Desta maneira, pedimos informação à um guardinha e nos dirigimos até um hostal mais econômico. Este estava lotado, mas o dono nos indicou outro. Quando finalmente chegamos ao hostal El Sol, ficamos encantados ao ver que tinha piscina e wi-fi. O Moacir, que já se sentia melhor,entrou no hostal para ver o quarto e acertar o pagamento e eu fiquei com as bikes.
     Enquanto eu esperava, um senhor bem vestido veio falar comigo. Imaginei que ele estava interessado na nossa viagem, mas quando percebi que ele fez um sinal com o olhar para dentro do hostal, olhei para trás e vi que havia outro homem mexendo na minha bolsa de guidão. Nem tive tempo de pensar, só fui para cima dele. Para minha sorte, o Moacir também havia estranhado o movimento e saiu do hostal para ver o que estava acontecendo. Os homens se assustaram e fugiram rapidinho. Só depois que eles já haviam partido consegui entender que estavam juntos tentando me roubar. Agradeci ao meu anjo da guarda e ao Moacir pela proteção, e entramos no hostal para nos hospedar.
     Passado o susto, nos arrumamos e saímos para jantar. Após a janta, voltamos para o hostal e deitamos para ver televisão. Agora estou escrevendo e o Moacir está se alongando. Daqui a pouco vamos dormir pois hoje foi um dia de muitas emoções.
Gastos:
- Hostal: R$66,00   - Almoço: R$6,67   - Bebidas: R$3,40   - Janta: R$12,40
Estatísticas:
- Distância: 184,71Km   - Tempo: 8h43min55 ”   - Média: 21,15Km/h
Condições da estrada:
- Muito ruins, andamos o tempo todo pela estrada pois o acostamento estava todo esburacado e com areia e brita. Para nossa sorte, havia pouco movimento.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

152° Dia – Chiclayo – Morrpoe – 17/04/2011 – Domingo


     Acordamos tranquilamente às 10h, pois precisávamos descansar e sabíamos que hoje o caminho seria curto. Após comermos e arrumarmos tudo, fizemos o check out e fomos pedalar. Assim que saímos do hostal, paramos num mercadinho para comprar água e perguntar para que lado ficava Piura.
     Tivemos que cruzar a cidade para chegar na Panamericana. Neste trajeto, passamos por uma área bem bonita da cidade e outra um pouco mais suja e mal conservada. O trânsito, como sempre, estava uma confusão e as buzinas não silenciavam por um segundo sequer.
     Chegando na Panamericana, conseguimos ter um pouco mais de tranquilidade, mas o acostamento era muito ruim. Pedalamos por 2h sem fazer paradas e já avistávamos a igreja do pequeno povoado de Morrope. Fomos até a Plaza de Armas, mas parecia a de uma cidade abandonada (todos os estabelecimentos fechados e sem ninguém na rua). Para nossa sorte, tinha uma delegacia bem na esquina. Perguntamos onde havia alguma hospedaje e nos indicaram a localização da única da cidade.
     Fomos até lá e nos deparamos com um local meio crítico, mas, como era a nossa única opção, tivemos que ficar lá mesmo. O pessoal que nos atendeu não tinha muito tato (para não dizer sem vontade e um pouco antipáticos), a roupa de cama estava suja e o banheiro, coletivo, num estado deplorável. Ah, e a toalha que recebemos (depois de pedirmos) parecia um pano de chão! E, para finalizar, não recebemos a chave do quarto, sendo que todas as vezes que voltávamos para a hospedaje, o recepcionista tinha que nos acompanhar até a porta do quarto para abri-la para nós.
     Após nos instalarmos, fomos até um restaurante para comermos algo. Ao entrar, perguntamos o que tinha para o almoço e descobrimos que só havia cabrito. Sendo assim, pedimos dois cabritos e eu me dei bem, pois a Cris não come cabrito e meu prato ficou com quatro trozos de carne! Após comermos a boa comida caseira, passamos num mercadinho e voltamos para o quarto.
     Ficamos planejando o dia de amanhã, pois teremos que fazer mais de 180Km até Piura. Sabemos que teremos que acordar cedo e, mesmo assim, devemos chegar no cair da noite à cidade. Além disso, conversamos muito sobre nossos planos ao voltar para o Brasil! Com o passar das horas, ficamos com fome novamente e saímos para jantar.
     Procuramos por um certo tempo, mas não achávamos restaurantes abertos na cidade. Quando já estávamos desistindo, vimos uma polleria. Entramos e pegamos meio frango assado com batata frita e salada. Comemos e fomos até um mercadinho comprar mais água. Neste momento, tivemos a certeza de ter feito muito bem por ter comprado bastante comidas e bebidas em Chiclayo, pois as opções não são muitas por aqui.
     Voltamos para o quarto e já era 20h. Como acordaremos às 4h30min, começamos os preparativos para dormir. Agora estou escrevendo e a Cris está arrumando a cama para dormirmos. Esperamos que os barulhos diminuam ao passar das horas, pois agora os outros hóspedes estão com televisão e rádio ligados a todo volume!
Gastos:
- Água: R$1,60 - Hospedaje: R$16,70 - Almoço: R$9,90 - Mercado: R$7,50 - Janta: R$9,30
Estatísticas:
- Distância: 35,68Km - Tempo: 2h15min12” - Média: 15,83Km/h
Condições da estrada:
- Medianas, pois em boa parte do trajeto o acostamento não possuía um asfalto decente.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

151° Dia – Pacasmayo – Chiclayo – 16/04/2011 – Sábado


     Hoje iniciamos nossa epopeia até Piura! Temos um longo caminho pela frente e algumas dificuldades extra, tais como o calor do deserto e um longo trecho despovoado. Hoje pretendemos ir até Pacanga, para amanhã chegarmos em Chiclayo, depois Morrope (lê-se Môrope) e, finalmente Piura. Vamos aos fatos!
     Acordamos cedo (7h), tomamos nosso café da manhã e, mais uma vez, a cama foi mais forte do que nós e acabamos dando uma recostada. Essa “sonequinha” durou até às 11h, quando tomamos vergonha na cara e levantamos. Arrumamos tudo e fomos para a estrada.
     A saída da cidade foi tranquila e, rapidamente, chegamos à Panamericana Norte. O início da pedalada foi boa, apesar do sol escaldante que fazia com que suássemos bastante. Ao completarmos 25Km, paramos num restaurante de beira de estrada na entrada da cidade Guadalupe para almoçar.
     No retorno à estrada, passamos pela entrada de Chepen e chegamos até Pacanguilla. Como já era 16h30min, decidimos procurar um hostel para ficarmos. Paramos na Plaza de Armas, que fica ao costado da estrada, para perguntar para alguns locais que estavam por ali se conheciam alguma hospedagem. Descobrimos que existia apenas um hostel na esquina da praça e fomos ver as condições. Enquanto eu ficava cuidando das bikes, a Cris foi perguntar na “recepção” (na verdade era uma senhora que estava dentro de casa e não se prestou a se aproximar para dar informações, ou seja, ficava berrando a uns 10m de distância e sem vontade alguma) se tinha habitacion matrimonial. Após descobrirmos que, na verdade, era um único ambiente para todos os hóspedes e um banheiro coletivo, optamos por seguir viagem e ver o que encontraríamos.
     Em seguida, passamos por Mocupe e Ocupe. Dois pequenos povoados, sendo que no segundo estava ocorrendo uma sessão de bingo em plena praça da cidade. Como já tínhamos andado uns 70Km e faltava só mais uns 30Km, preferimos forçar um pouco mais a cadência, aumentar a velocidade e dormir em Chiclayo. O sol foi baixando e, ao cair da noite, chegamos na entrada da cidade. Para não perder o costume, o asfalto, assim que nos aproximamos da zona urbana, se tornou muito ruim!
     O trânsito urbano era bem confuso e demoramos um pouco para achar uma região com hostels. Após pedirmos informação, acabamos encontrando um com uma fachada bem bonita. Paramos para averiguar a situação e vimos que era um pouco caro (a Cris tá dizendo que eu estava chorando para pagar R$40,00 a diária!). Depois de muito choro, não conseguimos desconto algum, mas aceitamos a proposta e ficamos num quarto simples (para uma pessoa) por quase metade do valor do matrimonial. Instalamo-nos, tomamos um bom banho e deitamos um pouco para alongarmos, pois estávamos bem cansados e sabíamos que teríamos que pedalar mais amanhã.
     Depois de nos recompormos, fomos até o supermercado para jantarmos na praça de alimentação e comprarmos mantimentos para os próximos dias, pois amanhã dormiremos na cidade de Morrope e acreditamos que seja bem pequena e sem muita estrutura. Jantamos num fast food de comida chinesa e ainda fizemos uma viandinha com as sobras para comer no café da manhã. Após, fomos ao supermercado e fizemos um verdadeiro rancho!
     De volta ao hostel, ficamos vendo um pouco de televisão. Agora estou escrevendo e, em breve, veremos o filme “Marley e eu”, enquanto devoramos um pote de sorvete que compramos.
Gastos:
- Hostal: R$23,70 - Supermercado: R$36,80 - Janta: R$22,00 - Almoço: R$6,60
Estatísticas:
- Distância: 108,00Km - Tempo: 5h26min42” - Média: 19,83Km/h
Condições da estrada:
- Medianas, pois em boa parte do trajeto o acostamento não possuía um asfalto decente.

terça-feira, 19 de abril de 2011

150° Dia – Pacasmayo – 15/04/2011 – Sexta-feira

     Hoje, continuaríamos nossa viagem, mas decidimos aproveitar o dia. Optamos por ficar no hostel atualizando os blogs e vendo assuntos administrativos. Acordamos sem pressa, tomamos nosso café da manhã e ficamos escrevendo os últimos relatos que faltavam.
     No início da tarde, saímos para almoçar e aproveitamos para dar uma caminhada pela cidade. Passamos pelas principais ruas, mas não achamos nada muito atrativo (definitivamente o melhor da cidade é sua orla!). Após nosso almoço, fomos até uma sorveteria no calçadão para nos refrescarmos enquanto observávamos o belo visual.
     De volta ao hostel, fomos falar com o pessoal para acertar os últimos detalhes da futura visita que receberemos em Caracas nos mês de setembro (estamos tentando fechar uma caravana para conseguir desconto no voo para Caracas - dia 17/09 à 24/09 – para aproveitar o feriado de 20 de setembro). Quem tiver interesse em nos visitar na Venezuela e “de quebra” passar uma semana aproveitando o mar caribenho, por favor entre em contato conosco...rs... No cair da noite, começamos a arrumar tudo para a nossa partida em direção a Chiclayo no dia de amanhã.
     Após toda a arrumação, saímos para jantar. Comemos no Café Café, um restaurante bem bonito e perto do hostel. Ele foi fundado por um padre e tinha inúmeras frases curiosas, tais como “Quando a fome acaba, começa a educação.” e “A sopa tem sete razões de ser boa, pois mata a sede e a fome, esquenta, não estufa, alimenta, acalma e deixa o rosto vermelho.” Após comermos uma deliciosa comida, passamos num mercadinho para comprar algumas coisas e fomos ao hostel. Agora estou escrevendo enquanto a Cris está escovando os dentes para irmos dormir.

Gastos:
- Hostel: R$26,66 - Sobremesa: R$2,35 - Almoço: R$6,67 - Janta: R$20,70 - Mercado: R$4,35

segunda-feira, 18 de abril de 2011

149° Dia – Paiján – Pacasmayo – 14/04/2011 – Quinta-feira

     Acordei bem, mas a Cris não conseguiu dormir durante boa parte da noite. Mesmo assim, tomamos nosso café da manhã, arrumamos as coisas e fomos para a estrada. A saída da cidade foi bem tranquila, pois, na verdade, a “cidade” era um micro povoado na beira da estrada.
     O início da pedalada foi bem tranquila, com o relevo plano e um vento numa diagonal que nos ajudava. Conversávamos muito a respeito do nosso futuro no regresso ao Brasil. Andamos mais de 30km até pararmos pela primeira vez para comermos algo e descansarmos. Em seguida a esta parada, começamos a encarar um forte vento lateral que nos dava um banho de areia. A cada caminhão que passava por nós, vinha uma onda de areia por todos os lados! Olhos, boca, nariz e ouvidos estavam se tornando dunas! Para nossa sorte, este trajeto foi relativamente curto, uns 10Km, e chegamos a um pequeno povoado.
     Na pequena cidade de San Pedro de Lloc, paramos num posto de gasolina para bebermos algo gelado e tirarmos um pouco da areia. A Cris, um pouco antes de parar no posto, começou a sentir algumas dores no joelho (esperamos que não seja nada demais). Depois de um repouso, tudo estava em ordem. Pedalamos mais alguns poucos quilômetros e já estávamos na entrada de Pacasmayo.
     Entramos na cidade e fomos direto para o malecon (calçadão) para pegarmos o pôr-do-sol. Como o sol ainda estava bem alto, admiramos um pouco a beleza da orla, cheia de pequenas pedras arredondadas no lugar da areia, e tiramos algumas fotos. Em seguida, fomos procurar algum hostel para ficar. Passamos em três até achar o “Da Vinci Hostal” que fica próximo ao centro e à praia, tem uma bela vista do mar e uma boa infraestrutura. Largamos tudo no quarto, colocamos nossos trajes de banho e fomos para o mar!
     A água aqui ainda é gelada (dizem que mais pro norte do Peru a água já é mais quente devido às correntes marinhas vindas do Equador), mas pelo menos não tem a densa neblina que tinha no litoral sul do Peru. Depois de alguns momentos, nos rendemos e nos atiramos na água! Como é bom e revigorante se banhar no oceano depois de um dia de pedal!
     Voltamos para o hostal, tomamos banho e fomos jantar. Acabamos comendo num restaurantezinho na esquina da quadra. A comida (um ceviche e um peixe frito) era meio sem gosto, mas matou a nossa fome. Após, fomos a um mercadinho para comprar alguns mantimentos e ainda passamos numa confeitaria para comer alguns dulces. Comi um leche assada e a Cris pegou uma torta de chocolate com caramelo.
     Chegando de volta a habitacion, a Cris foi falar com o pessoal no MSN e eu fiquei vendo os jogos da Libertadores. Infelizmente o Grêmio perdeu e as chances de enfrentar a LDU diminuíram um pouco, mas na próxima semana tudo se resolverá e saberemos se conseguiremos pegar mais algum jogo ou não.
     Agora estou escrevendo enquanto a Cris arruma suas coisas para partirmos amanhã rumo à Chiclayo.
Gastos:
- Hostel: R$26,66    - Bebidas: R$3,00    - Janta: R$29,67    - Mercado: R$6,90    - Sobremesa: R$4,30
Estatísticas
- Distância: 57,31Km    - Tempo: 3h44min32”    - Média: 15,31Km/h
Condições da Estrada
- Razoáveis, sendo que em grande parte da estrada o acostamento possuía um asfalto irregular.

domingo, 17 de abril de 2011

148° Dia – Trujillo – Paiján - 13/04/2011 – Quarta-feira

     Hoje nós dois acordamos bem, finalmente, e pudemos nos preparar para seguir viagem. Escolhemos fazer um caminho tranquilo até Paiján, pois ficamos alguns dias parados e os próximos dias prometem! Assim, arrumamos tudo e fizemos câmbio em uma loja próxima à hospedagem. Com tudo preparado, saímos de Trujillo pela saída norte.
     Esta parte urbana foi bastante conturbada. Inúmeras vezes fomos “cortados” pelas vans coletivas, tivemos que andar muito devagar e com muito cuidado. Ficamos 10Km subindo constantemente até chegarmos na estrada, logo que estramos na mesma, o acostamento melhorou um pouco e uma longa descida nos animou para seguirmos viagem.
     Passamos por um longo deserto, com subidas e descidas leves, mas constantes. Em seguida, fomos privilegiados por um longo vale, praticamente plano. Quando o calor começou a se tornar insuportável, fizemos a nossa única parada do dia (aos 35Km) para bebermos algo gelado e seguimos viagem. Após esta parada, uma bela paisagem se mostrou a nossa frente, vimos montanhas isoladas no meio do vale, túnel feito de árvores, rios cortando a estrada e muito verde à nossa volta. A única coisa que prejudicou o nosso “passeio” foi o lixo no acostamento. A cada 10Km éramos surpreendidos por lixões a céu aberto, com cheiros terríveis e moscas que nos atacavam assim que passávamos.
     Depois dessa longa aventura, chegamos em Paiján e entramos na cidade para procurarmos estadia. Vimos um hostal bem bonitinho na praça central e fomos perguntar os preços. O valor era incrivelmente baixo, mas a qualidade do quarto também. Como só pretendíamos passar aquela noite na cidade e o quarto até que era limpinho, ficamos no hostal mesmo. Tomamos banho e saímos para jantar.
     Assim que voltamos da janta, passamos em uma lan house para organizarmos os próximos destinos e voltamos para o quarto. Agora estou escrevendo este relato enquanto o Moacir lubrifica as nossas bikes. Em seguida iremos dormir, pois amanhã tem mais!
Gastos:
- Hostal: R$10,00   - Aquarius: R$1,20   - Compras: R$5,55   - Janta: R$12,70   - Adaptador: R$1,66   - Internet e ligação: R$2,00
Estatísticas
- Distância: 56,88Km   - Tempo: 3h48min51”   - Média: 14,91Km/h
Condições da estrada:
- Boas, com o acostamento largo em boa parte do caminho.

147° Dia – Trujillo – 12/04/2011 – Terça-feira

     Acordamos cedo para pedalarmos, mas a Cris estava com muita dor de estômago. Sendo assim, optamos por ficar mais um dia em Trujillo. Como o hostel tinha televisão a cabo e wifi, ficamos no quarto pesquisando sobre Galápagos e atualizando o blog e vendo um pouco de televisão brasileira (tem Band e Globo).
     Saímos do quarto somente às 14h para buscar as roupas na lavanderia e passar no supermercado para comprar mantimentos. A Cris ainda estava meio mal e almoçamos sanduíches para não comer nada de muito pesado. Durante a tarde toda continuamos nossas buscas por empresas parceiras em Galápagos e passagens de avião para a família vir nos visitar.
     Na nossa janta, depois de muito tempo, utilizamos o fogareiro novamente. Fiz uma sopa para comermos algo diferente de pão. Após comermos, a Cris já se sentia um pouco melhor. Agora estou escrevendo enquanto ela assiste televisão. Em breve arrumaremos tudo para amanhã de manhã acordarmos e irmos para Paiján.
Gastos:
- Hospedaje: R$40,00 - Lavanderia: R$8,00 - Supermercado: R$14,18

sábado, 16 de abril de 2011

146° Dia – Trujillo – 11/04/2011 – Segunda-feira


     Hoje acordamos tranquilamente, pois a nossa programação era de conhecer as ruínas de Chan-Chan. Levantamos, tomamos nosso café da manhã, pegamos as roupas sujas e o carregador do netbook e fomos para a rua. Primeiro, deixamos o carregador para consertar e depois fomos procurar uma lavanderia. Batemos perna por todo o centro e acabamos deixando as roupas numa lavanderia a uma quadra do nosso hostel. Nesse meio tempo, ainda achamos uma loja com um carregador genérico que serve para o nosso, mas deixamos para comprar na volta do passeio.
     Já era meio dia quando pegamos um colectivo até o sítio arqueológico de Chan-Chan. Chegamos na entrada do parque e fomos abordados por um senhor que veio oferecer seus serviços de táxi. Como o preço estava um pouco acima do que pretendíamos gastar, decidimos fazer o tour por nós mesmos. Acertamos com um guia e fomos conhecer o Palácio Nik An (única área já escavada e aberta à visitação).
     O palácio é todo construído com adobe (mistura de barro, pelos de animais e, as vezes, conchas marinhas) e barro. O muro externo é em formato de pirâmide, tem uma base de mais de 5m de largura e sua altura beirava os 15m de altura. A praça principal, os diversos corredores e as “salas” eram todos enfeitados com desenhos de peixes, ondas e aves, tudo relacionado com a vida cotidiana do povo Chimu. Passeamos durante 1h pelas diversas dependências do palácio enquanto o guia nos explicava sobre a cultura, costumes e hábitos deste povo que viveu ali durante quase 600 anos (900 a 1470). Um fato curioso que o guia nos disse, foi que quando um rei falecia, todos seus assessores eram enterrados junto com ele (tomavam um chá de cactus que dava alucinação e eram enterrados vivos) e o primogênito tinha que construir um novo palácio para utilizar como sede de seu governo.
Poço sagrado
     Saindo do palácio, caminhamos o 1,5Km de chão batido até a rua que vai até o centro da cidade. Pegamos um colectivo e desembarcamos próximo da Plaza de Armas para procurarmos algum restaurante para almoçarmos. Depois de comermos, fomos até o salão de beleza onde a Cris tinha marcado horário e que ficava ao lado do local que havíamos deixado o carregador para conserto.
     Infelizmente ainda não haviam arrumado e nos disseram para passar lá às 21h. Sendo assim, a Cris ficou no salão e eu fui comprar o carregador genérico e aproveitei para passar no supermercado para comprar alguns complementos para o nosso café da manhã de amanhã. Voltando ao salão, a Cris me avisou que demoraria mais uns 30min. Como o salão é bem próximo ao hostel, fui para o hostel para ir adiantando a redação dos relatos atrasados e depois a Cris voltaria para o hostel.
Muro externo
     Chegando no quarto, testei o carregador genérico e, felizmente, funcionou! Como fazia tempo que não escrevíamos, comecei a por em dia os relatos. Depois de 1h escrevendo, percebi que a Cris já deveria ter chegado. Um pouco preocupado, me arrumei e fui ver o que estava acontecendo. Quando saio do hostel, vejo ela saindo de um outro salão. Assim que nos encontramos ela me disse que a mulher do primeiro salão fez um serviço pela metade e ela teve que dar uma passada neste outro e por isso demorou um pouco mais do que o previsto. Aproveitando que já estávamos na rua, fomos pegar o carregador que tínhamos deixado para conserto. Ao chegarmos na loja, recebemos a má notícia de que não encontraram uma peça de reposição para substituir a que estava com defeito, ou seja, não puderam fazer nada.
     Um pouco decepcionados, fomos jantar. Tínhamos visto que aqui tem uma filial do restaurante “Rústica” (restaurante em que comemos em Callao e gostamos bastante) e decidimos ver se este também era bom. Pedimos dois pratos de massa e uma jarra de limonada. Tudo estava delicioso e saímos do restaurante completamente satisfeitos. Só de olho, ainda pegamos um sorvetinho de sobremesa no caminho para o hostel.
Acesso à Praça Central
     Chegando no nosso quarto, começamos a arrumar tudo para partir amanhã. Enquanto estou escrevendo, a Cris finaliza a arrumação dos alforges dela e, em breve, vamos dormir.
Gastos:
- Hospedaje: R$40,00 - Colectivo: R$4,00 - Entradas Chan-Chan: R$14,70 - Guia: R$13,67 - Almoço: R$11,80 - Supermercado: R$4,50 - Carregador: R$60,00 - Salão de beleza: R$53,50 - Janta: R$24,00 – Sorvete: R$3,34

sexta-feira, 15 de abril de 2011

145° Dia – Trujillo – 10/04/2011 – Domingo

 
    Hoje acordamos sem o despertador, o que é uma satisfação que só os dias parados nas cidades nos proporcionam! Eu ainda estava um pouco dolorida da queda e o Moacir estava sentindo as pernas pesadas. Desta maneira, optamos por conhecer a famosa praia de Huacho.
    Depois de tomarmos um café da manhã reforçado, pegamos umas informações com a Kika (dona do Hostel) e nos dirigimos até a parada do carro que nos levaria até a praia. Pedimos para uma moça nos avisar qual era a van que iria até Huacho e ela gentilmente nos ajudou. Os carros daqui são iguais aos de todo o Perú: mini-vans adaptadas, muito apertadas, sem nada de segurança e superlotadas, mas como já estamos acostumados conseguimos desfrutar a paisagem do caminho (e do agito da cidade em dia de Eleições Presidenciais). Passamos pela estátua de O'Higging, pelo shopping Mall Aventura Plaza, pelas ruínas de Chan-Chan e, finalmente, chegamos a beira-mar.
    Quando avistamos o mar pela primeira vez, ficamos decepcionados. Era a mesma longa faixa de areia sem grandes atrativos que muito vimos pelas praias do pacífico. Entretanto, assim que fomos avançando, uma bela e organizada praia foi se mostrando a nossa frente. Assim, entendemos a causa da fama dessa praia.
     Descemos da van e caminhamos pelo calçadão até um “hermoso” trecho de areia limpinha e altos coqueiros. Achamos interessante que, apesar da intensa maresia que deixava a praia com muita névoa e umidade, o sol mantinha o ambiente muito agradável. Ficamos aproveitando o dia de praia por umas 2h, após este período, fomos almoçar em um restaurante local. Apesar do péssimo atendimento (o que ainda é comum no turismo peruano), comemos bastante. Queríamos degustar uma nova marca de cerveja, mas, infelizmente, eles também fazem lei seca por ser eleição. Em seguida, pegamos uma van e fomos para o centro histórico da cidade.
     Ao chegarmos no centro, fomos conhecer os prédios históricos. Mesmo sabendo que os museus e demais pontos turísticos estariam fechados por causa das eleições, fomos dar uma “espiadinha” na Plaza de Armas. Ficamos encantados com a beleza da praça e dos prédios ao seu redor. Depois da praça de Cusco, esta foi a mais bonita que passamos. Tiramos algumas fotos nos monumentos da praça e voltamos para o hostel.
     Ao chegarmos no hostel, descansamos um pouco. Logo que acordamos, fomos jantar em uma pizzaria recomendada pela dona do hostel (adoramos!). Como estava tarde e a rua um pouco sinistra, voltamos para o hostel para assistir uma TV e dormir.
Gastos:
- Hospedaje: R$40,00 - Janta: R$31,00 - Almoço: R$18,00 - Colectivo: R$4,00 - Sorevte: R$4,00

quinta-feira, 14 de abril de 2011

144° Dia – Virú – Trujillo – 09/04/2011 – Sábado


     Acordamos renovados, tomamos nosso café da manhã e fomos para a estrada. Enquanto arrumávamos as bikes, ficamos conversando com um menino (Luiz) de uns 6 anos que estava encantado com as bicicletas e ficou vendo tudo. Antes de chegarmos à estrada, paramos num mercadinho para comprar uma água gelada para começarmos bem o dia.
     Depois de alguns minutos pedalando pelo acesso precário, chegamos na estrada. O sol já estava bem quente, mas sabíamos que o dia não seria dos mais puxados. Mesmo assim, sofremos um pouco em algumas longas e íngremes subidas. A paisagem já possui uma pequena vegetação, mas, em grande parte do território, existe a predominância de um deserto onde a inexistência de sombra dificulta um pouco as coisas. Aproximando-nos dos vales, pudemos observar inúmeras plantações de cana que faziam dar uma vida à paisagem.
     Quando avistamos a placa de bem vindos a Trujillo, nos motivamos e, ao mesmo tempo, começou uma constante descida. Passamos pelos povoados de Salaverry e de Moche ante de chegarmos à cidade. Tínhamos um pequeno mapa do centro da cidade pelo qual nos guiamos até próximo da Plaza de Armas. Paramos, perguntamos sobre o caminho e, em poucos minutos, já chegamos ao hostel. Fomos bem atendidos, gostamos do lugar e nos instalamos.
     Depois de tomarmos um belo banho, saímos para ir no supermercado para comprarmos MUITAS FRUTAS (estamos com saudade de comer frutas!) e tudo mais para termos bons cafés da manhã enquanto estivermos na cidade. Aproveitamos que estávamos na rua e paramos num dos poucos restaurantes abertos para almoçarmos. Depois de comermos, procuramos por lojas computadores e eletrônicas de consertos de informática para darmos um jeito no nosso carregador do netbook, mas não achamos nada aberto. Um pouco decepcionados, voltamos para o hostel para descansarmos e planejarmos nosso roteiro turístico na cidade.
Gastos:
- Hospedaje: R$40,00 - Supermercado: R$37,20 - Almoço: R$27,00 - Água: R$2,00
Estatística:
- Distância: 52,02Km - Tempo: 3h21min54” - Média: 15,46Km/h
Condições da estrada:
- Medianas, sendo o acostamento estreito em alguns momentos.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

143° Dia – Santa – Virú - 08/04/2011 – Sexta-feira


     Hoje acordamos tarde e tivemos que modificar os nossos planos de tentar chegar em Trujillo para irmos só até Virú. Iniciamos as nossas pedaladas às 10h30min em direção ao norte Peruano. O calor já estava intenso mas havia um vento à favor nos auxiliando.
     Pedalamos 15Km em um acostamento cheio de pedras soltas e, em diversos momentos, sobe e desce do degrau que havia entre o acostamento e a linha branca da estrada. Em um desses sobe e desce, o pneu de trás da minha bicicleta (Cris) escorregou, não deu tempo de eu “desclipar” a sapatilha do pedal e caí na estrada. Por sorte não vinha nenhum carro naquele momento e eu pude levantar com segurança e sair da estrada. Acabei me machucando um pouco quando caí com o cotovelo estendido e ao bater o quadril contra o solo, mas nada que me fizesse largar a pedalada do dia.
     Seguimos avançando pelo deserto em direção ao interior, as subidas e descidas ficaram mais intensas e o vento parou de nos ajudar. Sofremos muito com o calor por umas duas horas. Depois de uma longa subida, avistamos o primeiro vale do dia. Vibramos ao ver tantas árvores e paramos um pouco para descansar e resfriar o corpo. Descansamos brevemente, pois imaginávamos que a pedalada de hoje seria de apenas 60Km e valeria a pena manter o ritmo para chegarmos cedo em Virú.
     Entretanto, pedalamos 60Km, 65Km, 70Km e só chegamos na entrada da cidade após pedalarmos 74Km. A entrada de Virú estava muito tumultuada – acreditamos que o aglomerado de pessoas era devido à proximidade das eleições presidenciais. Como o ambiente não parecia muito acolhedor, resolvemos entrar na cidade e procurar algum lugar para dormirmos.
     Pedalamos mais 5Km até o centro, mas quando chegamos na praça da cidade nos assustamos um pouco. A praça estava tomada por comércio ambulante, cheia de sujeira na rua, cachorros e gatos entre os alimentos e inúmeros buracos cheios de água nas ruas. Paramos em um ponto de táxi e perguntamos sobre a localização de algum hostal. Recebemos a direção de um hotel e fomos olhar, mas ele era muito caro e sem água quente. Ficamos desiludidos e fomos buscar outro lugar.
     Encontramos um hostal limpo, barato e com água quente para ficarmos. Assim que nos instalamos e tomamos banho, saímos para comer e comprar mantimentos para amanhã. Quando voltamos ao hostal, tentamos ligar o computador para escrevermos o relato do dia, mas o carregador estragou e tivemos que deixar os trabalhos burocráticos para amanhã. Sendo assim, deitamos cedo para dormir pois o dia foi mais pesado que imaginávamos.
Gastos:
- Hostal: R$16,70 - Janta: R$12,70 - Compras: R$6,60 - Sobremesa: R$3,20
Estatística:
- Distância: 78,79Km - Tempo: 5h09min09” - Média: 15,29Km/h
Condições da estrada:
- Ruins, asfalto estreito e acostamento com degrau e muitas pedras.