Saindo do Chile |
O dia de hoje foi, literalmente, um longo dia de viagem: começou às 9h do domingo e só terminou às 7h da segunda. Pedalamos, atravessamos uma fronteira, andamos de ônibus, saímos do nível do mar e fomos parar a 3.800m de altitude e saímos de um clima extremamente seco para um extremamente úmido. Foram 22h de incríveis descobertas, suor, cansaço e muita diversão.
O início do dia já nos reservou boas notícias: a recepcionista do Hostel Doña Ines não nos cobrou a hospedagem e ainda nos ofereceu mais um excelente café da manhã. Assim que organizamos todo o equipamento da bike, partimos rumo à fronteira. Estávamos apreensivos, pois não sabíamos se poderíamos entrar no Peru com artesanatos e comidas.
Chegada no Peru |
Pedalamos uns 20km até chegar na aduana Chilena, registramos a nossa saída do Chile nos passaportes e perguntamos sobre as regras de imigração do Peru. O rapaz que nos atendeu nos informou que os peruanos não são muito rígidos nesta questão de entrada de produtos agrícolas. Animados com a resposta, seguimos em direção da aduana peruana. Ao chegarmos lá, entregamos os nossos passaportes e já fomos dirigidos para a cancela da polícia aduaneira, onde só verificaram os nossos dados e nos mandaram seguir (vocês não imaginam a cara de criança feliz do Moacir ao saber que não teria que deixar as suas frutas e os seus artesanatos na fronteira – ele estava traumatizado por ter tido que abandonar os pêssegos na fronteira entre a Argentina e o Chile).
Artesanatos e comidas a salvo! |
Assim que entramos no Peru, percebemos que a vegetação já começava à mudar, as árvores já se faziam mais presentes na paisagem e, mesmo nos lugares desérticos, haviam placas do governo informando sobre estudos agrícolas em tais terrenos. Pedalamos mais uns 30Km e entramos em Tacna. O calor estava insuportável, tivemos que parar duas vezes embaixo de árvores para nos refrescarmos um pouco e baixarmos a temperatura corporal. Também tivemos que fazer uma pausa devido à quebra de um raio da roda traseira da bike do Moacir.
A cidade de Tacna é bem extensa, entramos uns 15Km até encontrarmos o centro. Apesar da aparente pobreza, as avenidas principais de Tacna são bem conservadas, as escolas e os parques infantis são incríveis, não se percebe esgoto a céu aberto e existem templos, de diversas religiões, que enriquecem muito a arquitetura local. Além disso, os produtos e serviços são mais baratos do que no Chile. Como o fuso horário do Peru é de 2h a menos que o do Chile, às 15h30min já estávamos no centro de Tacna.
Janta de rodoviária |
Sendo assim, decidimos ir até o terminal rodoviário para vermos os horários do ônibus para Puno. Depois de meia hora e de pedir informações para umas dez pessoas, encontramos o terminal. Logo que nos informamos que a viagem até Puno duraria 8h e que os horários de saída eram restritos à 7h ou 20h, decidimos comprar as passagens para às 20h e ganhar um dia no nosso cronograma. O problema é que estávamos imundos, cansados e com fome. Desta maneira, tivemos que improvisar: tomamos banho nas duchas da rodoviária, buscamos um frango com salada e batata frita para a janta, compramos pães em uma feirinha local para o lanche durante a viagem e descansamos sentados nos bancos do terminal mesmo. Na hora de embarcar percebemos algo, no mínimo, estranho: além de comprar a passagem, também tínhamos que comprar um tícket de acesso ao local de embarque! Após comprar o tal tícket, fomos embarcar as bicicletas. O cobrador do ônibus quis nos enrolar, cobrando um valor muito mais alto que o combinado com o vendedor das passagens. Como somos brasileiros, e, infelizmente, estamos acostumados com a malandragem, chamamos o vendedor e ele resolveu este imprevisto para nós. Acomodamo-nos e partimos rumo ao Lago Titicaca!
Panorâmica da rodoviária |
A viagem foi cansativa e o motorista um pouco veloz demais, mas chegamos inteiros em Puno às 5h da madrugada. Depois de dois meses sem uma gota de chuva no Chile, o Peru nos deu as boas vindas com uma boa chuvinha torrencial assim que descemos do ônibus. Como ainda era noite, montamos os equipamentos, pedimos algumas informações e nos dirigimos ao centro da cidade em busca do hostel da rede Hostelling International. Sabíamos que ele ficava perto da rua “Libertad”, mas não tínhamos maiores informações. O jeito foi sair pergunto mesmo. Apesar da boa vontade dos peruanos em nos ajudar, rodamos uma hora e meia e nada de encontrar o hostel. Quando desistimos de procurar e decidimos nos instalar em qualquer outro lugar, nos deparamos com o tão procurado hostel. Acertamos todos os detalhes do check in e subimos para o quarto. Já eram 7h e o sono estava nos vencendo. Comemos uns sanduiches e caímos na cama. Depois de 22h de viagem, merecíamos uma caminha quentinha!
Gastos:
- Ônibus: R$45,00 - Janta: R$25,00 - Comidas no caminho: R$5,00 - Banho na rodoviária: R$5,00Estatística:
- Distância: 58,57Km - Tempo: 4h13min34” - Média: 13,85Km/h
Condições da estrada:
- Ruins, o acostamento estava com muitas pedras, tivemos que transitar pela linha branca a maior parte do tempo.
"vocês não imaginam a cara de criança feliz do Moacir ao saber que não teria que deixar as suas frutas e os seus artesanatos na fronteira..."
ResponderExcluirhahaha... é uma criança feliz, mesmo!! hahaha...
Tenho acompanhado atentamente a "pedalada" de vo cês. Estou encantado com a coragem, perseverança e entusiasmo que vocês estão manifestando frente a tantas adversidades ... Meus parabéns.
ResponderExcluirSou principiante de Bike , entretanto o relato de vocês tem me motivado bastante nas minhas investidas no esporte.
Meu nome é Ricardo Tramunt, sou pediatra de Uruguaiana.
Um abraço
parabéns por mais esta etapa vencida. Foi sofrida mas finalmente chegaram ao Peru. Continuem relatando esta aventura, pois está mito legal. Beijos, fiquem com Deus!!!
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