O despertador tocou às 6h30min, o Moacir colocou no soneca e eu só virei para o lado e continuei dormindo. Depois de reprogramarmos o despertador mais umas três vezes, levantamos. Fiquei um pouco assustada ao esfregar os olhos antes de sair da cama, meu olho direito estava inchado e cheio de secreção. Corri para o banheiro e comprovei o inchaço.
Depois de decidir que teríamos que passar em uma farmácia antes de partirmos, fomos até a área do desayuno e esperamos que as meninas do café nos atendessem. O dia estava com cara de inverno: frio e nublado, perfeito para a pedalada. Comemos torradas com café, suco e salsicha frita (aqui eles comem muita comida frita no café da manhã).
Assim que voltamos para o quarto, a preguiça nos venceu e decidimos descansar um pouco mais. Só em pensar no longo caminho que temos pela frente já me sentia cansada. O Moacir tentou me acordar várias vezes, mas só consegui levantar às 10h.
Quando levantamos tivemos que reprogramar a pedalada do dia, pois o sol estava forte e o calor intenso. Decidimos fazer um caminho um pouco mais curto e ficarmos menos tempo parados entre as cidades. Sendo assim, transferimos a nossa parada do dia de Chone para Rocafuerte. Antes de sairmos de Manta, passamos no Shopping da cidade para comprarmos pão e água no supermercado e medicamentos, para limpar os meus olhos, na farmácia. Enquanto eu fazia as compras na farmácia, o pézinho da bike do Moacir quebrou e a bike caiu. Felizmente o único estrago que tivemos foi o do pézinho mesmo.
Depois de tudo consertado, nos dirigimos à estrada. A saída de Manta foi tranquila em relação ao trânsito, mas um pouco confusa no que diz respeito à sinalização. Em alguns momentos tivemos que parar para pedirmos informação aos transeuntes. Acompanhamos o Oceano Pacífico até entrarmos na estrada E-15, o sol reluzindo no mar brindava uma bonita despedida deste oceano que nos acompanhou por cinco meses.
As primeiras pedaladas na estrada já indicavam o nosso destino nos próximos dois meses: inúmeros morros e montanhas apareciam no horizonte e os aclives e declives se acentuavam a cada curva. Em certos momentos, o calor era tão intenso que o suor vertia do rosto e pingava no chão enquanto pedalávamos. Além disso, a vegetação foi se modificando, transformando-se de uma vegetação rasteira (característica de regiões desérticas) à uma floresta de árvores enormes e sem folhas. Era muito estranho ver aquelas árvores de troncos largos e frutos secos, sem nenhuma folha. Estávamos nos sentindo nos cenários de terror do Harry Poter, uma loucura.
Pedalamos por nessas condições por 22Km até pararmos para comer alguma coisa. Como o calor estava insuportável e não havia árvore com sombra, comemos rapidamente e seguimos viagem. Abro um parênteses para agradecer, mais uma vez, pela bolsa térmica que ganhamos da Red Mangrove, graças a ela temos água gelada durante a pedalada (foi o primeiro material térmico que realmente funcionou!). Continuamos o sobe e desce por mais dez quilômetros até chegarmos em uma zona povoada com uma rotatória e nenhuma placa. Paramos em uma vendinha para perguntar sobre o nosso destino e recebemos a boa notícia que a entrada de Rocafuerte era na mesma direção de Chone. Felizes com a notícia, paramos em uma tendinha para bebermos uma água de coco gelada e resfriarmos um pouco o corpo. Depois que o Moacir abriu e devorou o coco, seguimos a viagem.
A estrada foi piorando a medida que avançávamos, estava esburacada e sem sinalização. Por sorte, em pouco tempo, chegamos na entrada de Rocafuerte. Pedalamos até a praça central da cidade e, assim que chegamos, perguntamos para algumas pessoas sobre a localização de hospedagens. Infelizmente, recebemos como resposta que só havia uma hospedagem nas proximidades e que esta se localizava na estrada e não no centro. Como o nosso forte é a improvisação, passamos em um mercadinho para comprarmos alguns mantimentos e fomos em direção ao hostal.
Em menos de 2Km, avistamos o hostal. Enquanto eu fui me informar sobre a disponibilidade e os preços, o Moacir foi dar uma volta nos arredores procurando restaurantes para jantarmos. O hostal era, na realidade, um motel, mas como era limpinho e o único na região, nos instalamos. Aproveitamos o sol forte para lavarmos as roupas do dia e deitamos para alongar e descansar um pouco.
Acordamos às 19h e fomos jantar em um restaurante próximo ao hostal. Durante o jantar, fomos devorados pelos inúmeros e insuportáveis mosquitos da região. Após comermos, voltamos correndo para o quarto e nos trancamos para evitar servirmos de banquete para os mosquitos durante a noite. Como chegamos cedo da janta, tentamos ligar o computador e, para nossa felicidade, ele funcionou normalmente. Agora estou aproveitando para atualizar um pouco o blog enquanto o Moacir assiste jornal. Depois, vamos trocar de funções e, em seguida, nos prepararmos para dormir. Amanhã serão mais 70Km morro acima!
Gastos:
- Hostal: R$27,00 - Janta: R$10,80 - Mercado: R$7,75 - Coco gelado: R$1,08 - Farmácia: R$34,00
Estatísticas:
- Distância: 44,27 Km - Tempo: 2h44min34” - Média: 15,90 Km/h
Condições da estrada:
- Muito boas, mas em certos momentos não havia pintura separando o acostamento da faixa de rolagem, fazendo com que os carro passassem muito próximos.
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