Entramos na Argentina no 17° dia (03/12/10) de Buquebus pela cidade de Buenos Aires e saímos pela cidade de Las Cuevas em direção ao Chile no dia 27/12/10 (41°). Pedalamos 979,32Km em estradas argentinas.
O tempo que passamos na terra dos Hermanos foi cheio de novidades. Conseguimos observar costumes, rotinas e hábitos bem diferentes do que estamos acostumados. Também existem coisas em comum, como a tradição e costumes gauchos.
Durante o tempo que estivemos na Argentina pudemos notar a paixão do povo pela “media luna” (croissant). Eles comem todos os dias no café da manhã! Normalmente a media luna é de massa doce e são consumidas com doce de leite ou geleia. É difícil encontrar cacetinho (pão francês para o resto do Brasil) nas padarias, cafés e supermercados. O pão fatiado, pão americano para eles, é a forma de pão que mais assemelha aos nossos costumes, mas é bem caro.
A variedade de frutas e verduras é extremamente pequena. Eles têm uma grande oferta de batata, pimentão, laranja, pêssego e cereja. A batata é um quesito a parte: são vendidas em todos os lugares sujas de terra, completamente marrom. Os demais hortifrutigranjeiros são bem caros. Não conseguimos encontrar mamão, por exemplo, em nenhuma cidade.
Os supermercados destinam uma grande porção do seu espaço para os vinhos. Normalmente 10% dos corredores eram tomados por garrafas e garrafas de vinho. O preço do vinho é algo absurdamente barato ao compararmos com a realidade brasileira.
Notamos algumas diferenças relacionadas ao trânsito. As sinaleiras (semáforos) emitem um sinal sonoro para que pedestres com deficiência visual consigam realizar a travessia. Além disso, a luz amarela é acesa do verde para o vermelho e do vermelho para o verde. Os veículos, porém, são similares aos brasileiros.
A maioria das principais estradas na Argentina possuem excelentes condições, mas em contrapartida algumas nem acostamento possuem. É comum nos acostamentos daqui existir um conjunto de três sonorizadores a cada 300m (acreditamos que seja para que o pessoal não transite na banquinha). Passamos a entender um pouco mais os argentinos apressados que invadem nossas estradas durante o verão rumo ao litoral brasileiro. A velocidade máxima nas estradas principais deles é de 130Km/h, se tornando difícil se acostumar aos nossos 80Km/h permitido.
O povo argentino é um pouco mais distante do que o uruguaio, porém recebemos muitas buzinadas de apoio nas estradas enquanto pedalávamos. Fomos bem recebidos na grande maioria dos lugares, mas não daquela forma acolhedora. Não sofremos em momento algum da famosa richa entre brasileiros e argentinos. Notamos, também, que o povo, principalmente nos grandes centros, não tem uma educação exemplar nas atividades do dia a dia, pois observamos inúmeras vezes pessoas jogando lixo nas ruas pela janela dos carros e ônibus.
Os lares argentinos possuem certa peculiaridade nos banheiros. Em grande parte dos locais em que passamos não existia box, mas sim uma banheira com cortinas. Isso mesmo, cortinas! Por dentro, uma de plástico, e outra por fora, muitas vezes de tecido. Outra diferença em comparação com o Brasil é que a numeração dos imóveis não é realizada conforme a quilometragem da rua, mas sim por quadras. A primeira quadra possui numeração de 0 a 100, a segunda de 101 a 200 e assim por diante.
As principais cidades em que passamos foram Buenos Aires e Mendoza. Em Buenos Aires observamos uma cidade extremamente grande, com inúmeras avenidas largas (5 pistas ou mais) e muitos parques e praças espalhados por diversos bairros. A cidade tem um pique alucinante, aparenta ser bem segura e mantém uma arquitetura diferenciada Existem feiras em diversos pontos na cidade, além de tantas outras opções culturais (não tivemos como passar em todos os pontos turísticos). As casas de show são muitas e, em sua grande maioria, imensas!
Em Mendoza notamos um aproveitamento do conhecimento antigo com a junção das novas tecnologias. Tanto na parte urbana, como na parte rural da cidade existe um sistema de canais para aproveitamento da água da chuva e do degelo dos Andes na irrigação de árvores e plantações. Achamos interessante, também, a existência de ônibus elétrico no centro da cidade. A vida noturna da cidade é bem intensa e se concentra na Av Villanueva, onde encontramos quase uma centena de opções para aproveitar a noite. Os principais pontos turísticos da região são o Parque San Martin (imperdível!) e a imensa opção de vinícolas, além de ser ponto de partida de inúmeros passeios aos Andes. O ar de Mendoza até Las Cuevas (divisa com o Chile) é extremamente seco, sendo que por inúmeras vezes nos encontrávamos com sangue nas vias respiratórias.
Deixamos para o final o resumo da Cordilheira dos Andes por acreditarmos que deveria ser um capítulo a parte. Com certeza será um lugar marcante para toda a nossa vida. A cordilheira é extremamente bela e reserva surpresas a cada curva. O lago de Potrerillos é um local mágico, com um visual completamente indescritível. Durante toda nossa passagem pelas montanhas sentimos uma energia diferente, uma vibração muito boa! Impossível ficar triste diante de uma beleza natural como esta. Recomendamos para TODOS uma passada na Cordilheira dos Andes! Somente lembrando que passamos lá durante o mês de dezembro, ou seja, calor, tempo bem seco e neve somente nos cumes.
Muito bom o relatório.É interessante esse resumo. Serve como orientação para quem for visitar a Argentina pela primeira vez.
ResponderExcluirValeu gurizada. Muito bom fazer um resumo final, apontando os hábitos do povo, os lugares históricos e que merecem ser vistos.
ResponderExcluirBoas pedaladas com segurança. Que Deus continue a amárar vocês. Luiz (Pai s Sogro).