sábado, 4 de dezembro de 2010

A nossa passagem pela República Oriental del Uruguay

     Entramos no Uruguai no dia 23/11/10 (7º dia de expedição) pela fronteira brasileira do Chuí com o Chuy e saímos dia 03/12/10 (17º dia de expedição) pela fronteira com a Argentina (Colonia do Sacramento com Buenos Aires). Nesses 10 dias de estadia e 626,24km pedalados em território uruguaio passamos por muitas experiências e diversos lugares, sendo alguns deles já conhecidos.
     Gostaríamos de destacar alguns pontos que nos chamaram a atenção nesta breve vivência com os hermanos uruguaios.
     O povo é muito acolhedor (com exceções como toda regra)! Nestas nossas pedaladas encontramos pessoas que se identificaram com a gente e nos ajudaram muito com simples ações. Em algumas oportunidades cruzamos com pessoas que até ofereceram suas casas para pernoitarmos. É fácil se comunicar no Uruguai, praticamente todos entendem um português mais puxado pro espanhol, nosso tão falado "portunhol". Os pontos turísticos são bem acessíveis do ponto de vista financeiro.
     Os uruguaios comem muito bem, mas pagam caro por isso. Algumas variedades de alimentos são mais caras e muito mais escassas do que no Brasil, principalmente frutas, verduars, leite, iogurte e pão fatiado. Em contra partida o queijo, presunto, mortadela, salame e, principalmente, o doce de leite são uma delícia e ainda por cima mais baratos do que no nosso Rio Grande. Continuando a falar com o estômago, sentimos falta dos acompanhamentos nos pratos em restaurantes, pois se você pedir uma milanesa virá APENAS o bife (mas pense em bife), nada mais. O chivito é uma iguaria (X-tudo) que todos que passarem por estas terras devem provar!
     Outra coisa que nos chamou bastante a atenção foi a impressionante quantidade de motos, motonetas, biz, mobilete, motinha e todas outras variedades que podem existir que encontramos na rua. Absolutamente TODOS dirigem esses meios de locomoção, desde os 08 aos 80 anos. Além disso, parece não haver capacidade máxima de passageiros, pois chegamos a ver alguns veículos com quatro passageiros (uma família inteira)! Existem MUITOS automóveis extremamente antigos contrastando com alguns modelos de ponta. Os ônibus urbanos são muito velhos, já os interestaduais são novos, possuindo uma qualidade padronizada.
     As estradas uruguaias são parecidas com a brasileiras, porém um pouco melhores. Em diversos pontos o acostamento deixou a desejar e até mesmo o asfalto da pista de rolagem não estava em bom estado. Um ponto a se destacar é que as principais vias são todas duplicadas, facilitando em muito o fluxo. Algumas curiosidades que percebemos foram as "puente angosto", que são pontes em que a pista é estreita e acaba passando apenas um carro por vez, ou seja, se vier um carro no sentido contrário terá que esperar. Existem locais na estrada (principalmente próximo ao Chuy) em que existem horários determinados para travessia de rebanho. Vimos, também, a estrada se transformar em pista de pouso de emergência para aviões e em outros momentos a estrada ser intercalada de 1km de asfalta e 1km de chão batido.
     A estrutura sanitária e as obras de urbanismoa ainda são muito deficitárias, principalmente nas cidades pequenas, onde o asfalto está presente somente nas grandes vias e o esgoto é jogado diretamente em ruas, rios e mar. A arquitetura uruguaia é variada e muito bonita, principalmente nas grandes cidades e nos centros históricos.  Existem muita desigualdade social, nitidamente pode se notar a marginalização dos pobres que moram em casebres nas periferias das cidades. Entretanto, não se percebe moradores de rua e pedintes em comparação ao que estamos acostumados a ver no Brasil.
     Fizemos nosso roteiro pelo litoral uruguaio e, por este motivo, acreditávamos que grande parte da estrada seria plana. Grande engano! Não sabemos como é o relevo nas demais regiões do país, porém pudemos vivenciar as cochilhas uruguais que ficam próximas à costa. Podemos dizer que cerca de 60% do nosso trajeto foi um sobe e desce constante e interminável. O grande problema da bicicleta é que as descidas não compensam as subidas, sendo assim, a viagem se torna muito mais cansativa do que no plano.
     Em grande parte dos momentos em que estávamos pedalando podíamos observar vastos pastos ao nosso redor. Principalmente nos primeiros dias, podemos dizer que quase a totalidade das terras eram destinadas para este fim. Mais no final da viagem começamos a observar inúmeras plantações. A vegetação que circunda a estrada é formada principalmente por árvores esparsas e de médio porte, onde muitas vezes os viajantes param  para descansar à sombra.
     Enquanto estávamos apenas treinando para a expedição já sentíamos os efeitos do vento, mas nada comparado a este início de viagem. Podemos dizer que cerca de 70% dos momentos o vento estava contra, 20% não possuía vento e 10% ele estava a nosso favor. Pudemos observar que na parte da manhã o vento é menos intenso, sendo que no início da tarde ele começa a soprar com maior vigor. O fator "vento" é algo muito importante quando for planejar alguma viagem de cicloturismo, pois o ciclista necessita de muito mais energia e acaba gastando um tempo muito maior para realizar um trajeto determinado se o vento estiver contra ele.
    Ah, os "perros"! Os vira-latas uruguaios são umas figuras. Eles ficam jogados, completamente estirados, pelas ruas, calçadas, onde for. Aqui ou eles são muito bem tratados ou a lei do mais forte realmente vigora, pois eles, em sua esmagadora maioria, são de grande porte. Vimos poucos cachorros médios e quase nenhum pequeno nas ruas.
     Podemos dizer que a estadia em terras uruguaias foram bem prezeirosas e uma ótima introdução do que será esta expedição (cheia de alegrias, surpresas boas e ruins, alguns imprevistos e muitas histórias para contar).

2 comentários:

  1. Que legal este releto de vc. Um apanhado do que foi a passagem por Uruguai e dá uma visão bem clara pra gente o que foi esta primeira etapa.
    Parabens!!!
    Beijos e fiquem com Deus.

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  2. Parabéns ao casal!
    Muito afudê tudo isso...
    Beijos do Boni

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