domingo, 11 de setembro de 2011

282° Dia – Maicao – Mara (Venezuela) – 25/08/2011 – Quinta-feira

      Depois de nossa última noite em solo colombiano, acordamos e começamos a arrumar tudo para deixarmos o país e adentramos na Venezuela. Conforme tínhamos nos informado ontem à noite, aproveitamos que tinha uma casa de câmbio ao lado do hotel e trocamos metade dos nossos pesos colombianos por bolívares ali mesmo (deixamos a outra metade para trocar na fronteira, pois, pelo que vimos anteriormente, eles pagam um pouco melhor). Com dinheiro para os primeiros dias garantido, iniciamos as pedaladas do dia.
     Foram 13Km bem tranquilos até a fronteira. Assim que nos aproximamos, nos surpreendemos com a simplicidade da alfândega colombiana. Encostamos num prédio simples e a Cris entrou para fazer a burocracia toda enquanto fiquei cuidando das bikes e conversando com cambistas e curiosos. Depois de verificar que estavam pagando a mesma coisa do que na casa de câmbio, troquei o resto do dinheiro. Enquanto conversávamos, também descobrimos algo no mínimo curioso: na Venezuela só é permitido fazer câmbio nos bancos autorizados, sendo que pagam muito pouco por dólares. Existem alguns lugares em que se consegue fazer câmbio com o dólar mais valorizado, mas é ilegal. Depois de toda a função e com estas informações, fomos procurar uma vendinha para gastar as últimas moedas de pesos e decidir o que fazer a respeito do câmbio.
     Pegamos uma gaseosa e discutimos um pouco sobre o que fazer. Por sorte, achamos uma casa de câmbio oficial e fomos ver quanto estavam pagando pelo dólar. Como estavam pagando BsF7,45 por dólar, optamos por não arriscar e trocamos todo o nosso dinheiro. Talvez conseguiríamos um pouco mais se trocássemos em algum lugar dentro da Venezuela, mas preferimos não arriscar e garantimos nosso din-din.
     Com as notas de Bolívares Fuertes em mãos, adentramos na Venezuela. Se a infraestrutura da fronteira colombiana era simples, a venezuelana é ridícula! Tudo funcionava por um único guichê, tinha que entrar duas vezes na fila (uma para pegar o papel para preencher e outra para entregar) ou se meter na frente dos outros e ficar gritando para pegar o papel, o formulário era a cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia (isso mesmo, não é erro de digitação!) e não se enxergava nada (quase um pedaço de papel em branco) e até o modelo de como deveria ser preenchido que tinha na parede era um cartaz bem varzeano! Depois de uns 30min, conseguimos os nossos carimbos no passaporte e pudemos entrar no país. Mais uma vez, os policiais da fronteira nem sequer pediram para ver algum dos alforges, só olharam os passaportes e ficaram perguntando sobre a expedição (a única fronteira que nos revistaram foi no Chile, os demais países é uma várzea só).
     Finalmente em território venezuelano, nos surpreendemos com a mudança na estrada. O caminho, que era excelente na Colômbia, se transformou num pedaço de asfalto muito mal conservado e sem marcação alguma. Outro choque foram os carros. Todos eram top de linha! Pena que da década de 60 e 70 e já estão num estado deplorável. Sem exagero, uns 90% dos carros que vimos não poderiam estar circulando já faz MUITO tempo! A lataria toda enferrujada, soltando uma fumaceira desgraçada, porta mala fechado com corda, para-choque caindo, cano de descarga arrastando no chão, sem espelho e estes são apenas alguns dos problemas.
     Depois de uns 10Km em solo venezuelano, chegamos a um centro urbano. Na entrada havia mais um ponto de controle da polícia e nos pararam. De novo só pediram os passaportes e ficaram conversando sobre a expedição. Aproveitei a oportunidade, falei que pretendíamos ficar na praia de Paez e perguntei como era o local. O policial disse que não deveríamos parar em nenhuma praia e seguir direto a Maracaibo, pois ali era uma zona muito perigosa e com presença de milícias. Agradecemos as informações e seguimos a nossa viagem. Com as novas informações, começamos a pensar o que faríamos, pois teríamos mais de 100Km até Maracaibo e já era 13h. Aproveitamos que estávamos na cidade e paramos para pegar algo para comer enquanto decidíamos o que fazer.
      Com a barriga cheia, optamos por seguir pedalando e chegar o mais próximo possível de Maracaibo, se não conseguíssemos alcançar a cidade ou sua periferia. Sendo assim, caímos na estrada e pedalávamos com um forte ritmo. Íamos numa boa velocidade até que começou um vento contra bem “incomodativo”. Depois de umas 2h30min lutando com o vento contra e a estrada em condições ridículas, fizemos uma parada para beber algo gelado e comermos um pouco. Levei um susto quando o atendente do bar disse que o refrigerante de um litro e meio custava 15 pila. Depois de uns segundos pensando, fiz o cálculo e vi que custava um pouco menos de R$4,00. Aí notei que ainda não tinha me acostumado com os novos números monetários..rs..
     De volta à estrada, pedalamos mais umas 2h30min até chegarmos em outro posto de controle policial. Paramos e perguntamos sobre quanto faltava até Maracaibo e se havia alguma cidadezinha próxima que fosse segura para ficarmos uma noite. O policial disse que faltavam uns 100Km até Maracaibo (aqui eles parecem não ter a mínima noção de distância), mas que poderíamos ficar num povoado bem cercano chamado Mara. Agradecemos e partimos rumo à Mara, sem dúvida alguma.
     Continuamos na estrada e começamos a entrar na cidade depois de uns 5Km. O local não tinha uma aparência nada boa e começamos a ficar na dúvida sobre a seguridade do local. Como não tínhamos o que fazer, continuamos pedalando até acharmos o centro do povoado. Progressivamente a urbanização foi melhorando até chegarmos na praça principal. Paramos e perguntamos onde ficava o hotel. Um senhor nos indicou o caminho e lá fomos nós. O caminho era bem parecido com o centrinho de Pìnhal e rendeu boas brincadeiras. Depois de uns 10min, achamos o local e já nos preparávamos para nos instalar. Infelizmente, o atendimento foi muito ruim e o preço um pouco salgado, mas a gota d'água foi não ter água e termos que tomar banho de canequinha. Diante desta situação, demos as costas e fomos procurar outro lugar para ficar.
     Voltamos a um grupo de anciãos que havia nos ajudado e perguntamos se tinha algum outro lugar em que pudéssemos passar a noite. Um simpático senhor disse que tinham várias hospedajes de “entra e sai” (ficou com vergonha de dizer motel e deu uma risadinha envergonhada) no caminho e, depois, tinha um hotel há uns 4Km. Decidimos ir dar uma olhada no hotel, agradecemos a ajuda e continuamos pedalando. Torcíamos para que o local fosse bom e pudéssemos descansar depois de um largo dia de pedal.
     Chegando no local, vimos que era simples, mas pela metade do preço (depois de um chorinho), com ar condicionado e, principalmente, com água para um bom e revigorante banho! Instalamo-nos, nos banhamos e já saímos para jantar, pois também não queríamos arriscar perder a janta, saindo muito tarde. Achamos uma pizzaria bem próxima e pedimos uma familiar para matar a nossa fome. Comemos quase tudo, deixando apenas duas fatias para complementar o nosso desayuno.
     De volta ao quarto, demos uma enjambrada para tapar a saída do ar condicionado central, pois estava extremamente forte. Com uma temperatura excelente para embalar os nossos sonos, caímos na cama e agradecemos por ter dado tudo certo!
Gastos
- Hotel: R$19,27   - Janta: R$20,48   - Bebidas e lanches na estrada: R$13,86
Estatísticas
- Distância: 91,53Km   - Tempo: 5h23min15”   - Média: 16,8Km/h
Condições da estrada
- Péssimas, pois não existia acostamento e estava cheia de buracos.

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