Hoje iniciamos a nossa passagem pelo Equador. Acordamos, pegamos as bikes que já estavam prontas e saímos da hospedagem rumo à fronteira. A saída de Puerto Pizarro foi tranquila, havia pouco movimento e o acostamento era muito bom. Ao chegarmos na rodovia Panamericana, o caos começou, fomos surpreendidos por um grande fluxo de caminhões e por um acostamento cheio de britas soltas.
Pedalamos cerca de 20Km nessas condições, assim que nos aproximávamos da fronteira, a estrada ia alargando e o asfalto melhorando. Ao chegarmos na aduana, informamo-nos com alguns fiscais sobre o setor de migração. Eles nos indicaram uma casinha de compensado que havia no final da aduana e, prontamente, nos dirigimos para lá. Chegando na casinha, procuramos alguém para nos atender mas havia ninguém. Desta maneira, saímos a perguntar aos demais fiscais sobre onde deveríamos ir, até que um deles pegou o seu radiotransmissor e chamou o responsável.
Enquanto esperávamos, um equatoriano se aproximou e começou a conversar conosco. Aproveitamos para perguntar a ele sobre algumas dúvidas que tínhamos sobre relevo e alimentação no Equador. Ele nos deixou tranquilos ao informar que a comida era barata e que o seu país era considerado o de melhores estradas da América do Sul (o que depois fomos descobrir que era excesso de patriotismo). Depois de uns 15min de bate-papo, surge o fiscal da migração em uma motoneta. Ele olha os nossos passaportes, dá uma conferida no sistema, carimba os passaportes e nos deseja boa viagem. Achamos um pouco estranho a falta de fiscalização, mas gostamos de não ter que abrir alforge ou preencher papelada.
Saímos da aduana Peruana e nos dirigimos para a Equatoriana. Assim que atravessamos a Ponte Internacional de la Paz (separa os dois países), já começamos a ver a vegetação abundante que já se fazia presente. É impressionante como esse contraste já é perceptível na própria fronteira: de um lado da ponte uma vegetação semi-desértica e do outro lado da mesma uma mata tropical. Imaginávamos que a entrada no país seria mais difícil, geralmente temos que preencher declarações de bens e comprovar que não portamos materiais orgânicos, mas desta vez foi muito fácil. Simplesmente preenchemos um formulário com os nossos dados e, em menos de cinco minutos, nossos passaportes já estavam carimbados. Para sair da aduana, passamos por uma cancela com dois guardas e perguntamos se teríamos que parar para eles revisarem alguma coisa e eles nos responderam: “- Pase, pase!”. Sendo assim, passamos!
A estrada na entrada do país era excelente, estávamos animados por tudo ter dado certo e por pensar que em menos de 40Km já estaríamos na nossa primeira parada no Equador, Machala. Depois de pedalar cerca de 20Km, paramos em um barzinho na beira da estrada para pegarmos uma bebida gelada, pois o calor estava intenso. Depois de nos refrescarmos, perguntamos sobre a distância que faltava para chegarmos em Machala, foi aí que o dono do bar nos deu a triste notícia de que teríamos pelo menos mais 50Km pela frente. Neste momento, o desânimo começou a cair sobre nós. Entreolhamo-nos e nos motivamos a continuar.
Como tudo que está ruim pode piorar, o acostamento se tornou uma faixa de 20cm e tivemos que nos equilibrar entre o intenso movimento de carros e as enormes plantações de bananeiras que quase invadiam a estrada. Pedalávamos tensos e irritados, o calor, a sujeira da estrada, os motoristas mal educados, tudo era motivo para nos deixar ainda mais estressados. O que nos motivava era ver aquela imensidão verde a nossa volta. Depois de três meses viajando pelo deserto, finalmente temos ar úmido para respirar.
Pedalamos 20Km nessas condições até paramos em um posto para nos refrescarmos novamente e para perguntarmos sobre qual a distância que ainda teríamos que percorrer. Eu resolvi provar um sorvete caseiro da Kibon (sim, aqui eles têm Kibon, mas chamam de Pinguino) e o Moacir só quis uma bebida gelada. Enquanto perguntávamos para a dona da bodega sobre a distância, vários motoristas que estavam no posto começaram o nos prestar informações. Infelizmente, as notícias não eram muito boas. Segundo eles, ainda teríamos cerca de 30Km pela frente. Como já era 16h, voltamos logo para a estrada e aceleramos a fim de chegarmos antes do anoitecer.
As condições da estrada não melhoraram, mas o descanso da parada e a redução do calor, haviam nos deixado mais tranquilos para curtirmos a paisagem. Passamos por muitas plantações de banana e frutas tropicais. Além disso, começamos a ver animais silvestres (cobras, lagartos e ratos) na estrada, coisa que não víamos desde a nossa saída da Argentina. Uma hora e meia depois da parada, chegamos na entrada de Machala. Ficamos na dúvida sobre entrar ou não na cidade, mas decidimos conhecê-la e ficar um dia a mais para descansarmos da maratona não esperada de hoje.
Ao entrarmos em Machala, percebemos que as cidades equatorianas são bem mais desenvolvidas que as peruanas. As ruas eram largas, bem organizadas (até ciclovia havia) e com boa estrutura sanitária. Nos dirigimos até o centro e começamos a procurar hospedagens. Acabamos ficando na primeira que olhamos porque tinha tudo que precisávamos e um bom preço.
Depois de nos instalarmos fomos jantar no restaurante chifa que tem do lado do hotel. Como veio comida demais, pedimos o resto para levarmos para um segundo tempo e voltamos para o quarto. Agora estou escrevendo este relato e o Moacir está tomando a sua terceira ducha gelada do dia. Em breve vamos pegar mais um suco natural bem gelado no restaurante para acompanhar nossa segunda janta. Em seguida, vamos dormir, pois o dia de hoje foi mais forte que imaginávamos.
Gastos:
- Hotel: R$44,80 - Bebidas e picolé: R$2,52 - Janta: R$14,22 - Suco: R$5,04
Estatísticas
- Distância: 95,88Km - Tempo: 5h14min23” - Média: 18,1Km/h
Condições da estrada:
- Trechos bons e ruins no Peru. Entrada no Equador excelente, mas péssimo acostamento depois dos primeiros 20Km.
Feito! Tchau, Peru!! Espero que a passagem pelo Equador seja mais tranquila!!
ResponderExcluirBeijos do Boni!