terça-feira, 6 de dezembro de 2011

357° Dia – Alter do Chão – 08/11/2011 – Terça-feira


      Acordamos cedinho, preparamos uma mochila e fomos para o ponto do ônibus que vai até Santarém. Ao chegarmos na parada, o veículo já estava estacionado. Mal entramos e o ônibus já partiu para a estrada.
     A viagem foi muito agradável, ficamos observando a bela paisagem da região. É maravilhoso perceber como ainda existem comunidades que coexistem com a natureza selvagem, sem modificá-la bruscamente como fazemos nas grandes cidades. Assim que nos aproximávamos de Santarém, o calor ia aumentando. Felizmente, o ônibus parou a poucas quadras do hospital municipal e não chegamos a caminhar muito no sol.
      Logo que entramos no setor de emergências, fomos surpreendentemente bem atendidos. Havia uma enfermeira que estava coordenando a fila (as filas aqui funcionam de uma maneira bem curiosa: a enfermeira pergunta quem foi o último a chegar, aí uma pessoa levanta o braço e tu deves sentar na cadeira ao lado do último, aí, sempre que alguém é chamado, todos levantam e passam para a cadeira seguinte) para atendimento que foi super atenciosa comigo, fez uma triagem e me encaminhou para a médica. A médica, meio de má vontade, olhou para o meu pé e me encaminhou para radiografia e para um ortopedista. Fiquei uma hora na fila para o RX, mas o exame saiu na hora.
      A única parte ruim, foi que, quando eu cheguei no consultório do ortopedista, este havia saído para almoço. Sendo assim, resolvemos sair para almoçar também e passarmos na internet. Quando voltei, esperei mais meia hora e o médico foi chamado para uma cirurgia, sem prazo para retornar. Desta maneira, peguei o exame e decidi mostrá-lo para o médico plantonista no postinho de Alter mesmo.
     Aproveitamos que o hospital ficava no centro da cidade e passamos em uns mercadinhos para comprarmos alguns mantimentos para a semana e na farmácia para comprarmos a nossa dose anual de vermífugo (fundamental para quem viaja por aí e prova tudo que é tipo de comida!). Com o exame e as compras nas mãos, voltamos para Alter.
      Assim que chegamos na pousada, jantamos e nos arrumamos para irmos no posto de saúde falar com o médico. Na saída da pousada, encontramos a dona da mesma descendo de uma moto com um copo de cerveja na mão e gritando que queria nos dar um abraço (guarde este detalhe: o Moacir estava sem camisa). Abraçamos ela e seguimos o nosso caminho.
     Chegamos no postinho e fomos, mais uma vez, muito bem atendidos pelos enfermeiros. O enfermeiro me disse que o plantonista já estava chegando para atender outro paciente e que, se eu quisesse esperar, ele também poderia me atender. Sentamos e aguardamos o médico chegar. Enquanto esperávamos, vimos que o outro paciente estava muito mal, nem falava de tanta dor, quase senti vergonha pelo meu dedinho torto, mas aguentei e esperei. Quando o médico chegou, nos cumprimentou e foi correndo atender o rapaz agonizante. Acabaram constatando que o cara havia sido picado por um escorpião e, felizmente, pode ser atendido a tempo. Após o tumulto, o médico veio falar comigo. Achei muito legal o estilo do médico, todo alternativo, de bermuda e camiseta e sem frescura nenhuma para falar. Conversou comigo numa boa, olhou os exames e ainda examinou o dedo. Enquanto ele fazia o exame, ficamos contando da nossa viagem e conversando sobre cada país. O Moacir foi falar bem da Colômbia e cometeu a gafe de dizer que “as Farc” era lenda, neste momento, o médico chamou o enfermeiro para nos contar sobre os seus oito meses de prisão na selva pela Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Diante desse constrangimento, só nos restou dizer que tivemos sorte de não vermos nada disso por lá e mudarmos de assunto. Apesar do furo, o pessoal continuou conversando numa boa com a gente e nos tratando de maneira exemplar. No fim dos exames, o médico constatou que o dedo estava calcificado mas que eu havia retirado a imobilização muito cedo e que isso havia gerado um edema que limitava o movimento e gerava a dor. Resumo da história: saí do postinho com o pé todo enrolado com tala e tudo, e recebi a recomendação de permanecer assim por mais 15 dias. Quero ver eu aguentar quinze dias sem praia.
     Para fechar a noite com chave de ouro, voltamos para a pousada e, na entrada do portão, encontramos a dona com o seu copinho na mão. Cumprimentamos ela e seguimos para o quarto. Foi então que ela me chamou e falou em voz exaltada (gritando e dando rizada ao mesmo tempo): AMIGA, SABE QUE EU TÔ AFIM DO TEU MARIDO, EU SÓ NÃO DOU EM CIMA DELE PORQUE EU SEI QUE ELE É CASADO CONTIGO. Diante disso, só me restou rir da situação e ir dormir. Retomo a minha velha e boa frase: tem coisas que só o América do Sul no Pedal pode fazer por você!
Gastos
- Camping: R$18,00 - Compras: R$82,72 - Ônibus: R$10,00 - Remédio: R$8,00 - Almoço: R$17,00 - Internet: R$4,00 

Um comentário:

  1. AHUahuAHUAHUAUHAHUAHUAHUA....

    Moacir o novo Antônio Bandeiras do Brasil... com um cabelinho lindo desses quem iria resistir!?

    ResponderExcluir