sábado, 19 de março de 2011

121° Dia – Huanuco – Lima – 17/03/2010 – Quinta-feira

      Acordamos às 6h junto com os primeiros raios de sol, pois estávamos nos primeiros assentos do segundo piso do ônibus (com um imenso janelão na nossa frente). As curvas continuavam incessantes e o motorista arrojado. Em um dado momento o trânsito parou e ficamos curiosos para saber o porquê daquela tranqueira. Conforme fomos andando, muito lentamente, vimos uma rocha (que parecia uma bola) de um tamanho inacreditável. O ônibus de dois andares parecia de brinquedo ao lado dela. Ela tomava mais de uma pista e deveria ter uns 4m de circunferência. Passado este pequeno empecilho, a viagem fluiu mais e começamos a entrar em pequenos vilarejos. Instantes depois, já ingressávamos na cidade de Huanuco.
      Desembarcamos e começamos a procurar algum hostel para passarmos o dia e descansarmos um pouco. Caminhamos umas duas quadras em direção à Plaza de Armas e vimos um com boa apresentação e decidimos nos instalar. Largamos o alforge que estávamos carregando e já saímos para procurar o hotel em que a delegação do Grêmio estava hospedada. Para nossa sorte, o hotel do tricolor ficava na Plaza de Armas e estava bem próximo ao nosso hostel.
      Chegando no hotel, procuramos o João Paulo (assessor de imprensa) que era o nosso contato com a delegação. Ele nos atendeu super bem, fez uma entrevista conosco e nos disse para voltarmos um pouco mais tarde, pois os jogadores estariam descendo para o almoço. Sendo assim, voltamos para o hostel (já com as camisetas que o pai mandou pelo João Paulo) e pudemos tirar uma breve soneca.
      Acordamos às 10h, nos fardamos com as camisetas do tricolor (colocamos um casaco por cima para ir até o hotel, pois não conhecíamos os ímpetos da torcida local) e o mesmo pincel atômico que serviu para fazermos a faixa, agora serviria para coletar autógrafos dos jogadores. Chegando ao hotel novamente, ficamos um pouco tímidos de ir falar com o João Paulo, pois o mesmo estava rodeado de integrantes da delegação gremista. Desta forma, sentamos na recepção do hotel e aguardamos um pouco. Em instantes, o João Paulo veio falar conosco e nos deu livre acesso à área restrita à delegação. Ele nos disse que os jogadores já estavam descendo para o almoço e que poderíamos pedir autógrafos e tirar fotos com qualquer um deles. Assim que ele acabou de falar isso, estavam passando o Fernando e o Bruno Colasso. O próprio João Paulo os chamou e tiramos nossa primeira foto com os jogadores.
      Com o gelo quebrado, nos sentamos num local próximo à passagem dos jogadores e ficamos aguardando as próximas vítimas. Enquanto esperávamos, o João Paulo falava com o resto da delegação a respeito da nossa expedição. Em seguida, vieram Lúcio, Carlos Alberto, Victor, Fábio Rochemback e o Vinícios Pacheco. Depois o João Paulo nos chamou para falar com o Renato Gaúcho. Enquanto os jogadores estavam almoçando, voltamos às nossas cadeiras para esperar o retorno deles e angariar mais algumas fotos e autógrafos. Neste momento, o Luís Vágner (Supervisor de Logística) veio falar conosco e nos entregou os ingressos para o jogo. Todos foram muito receptivos e atenciosos conosco, sendo que alguns ficaram curiosos em saber um pouco mais sobre a nossa expedição. Ainda durante o almoço dos jogadores, o Leonardo Oliveira (repórter do ClicEsporte) veio fazer uma reportagem conosco.
      Assim que acabou o almoço, falamos com o Douglas, o Borges e o Rafael Marques. E ainda o preparador físico, Flávio de Oliveira, veio conversar com a gente para saber como estava sendo a nossa pedalada e como era o nosso dia a dia. Após alguns instantes a nutricionista, Roberta, nos convidou para almoçar, mas como achávamos que já estávamos abusando, recusamos a oferta e agradecemos. Percebendo que já estava na hora de darmos um pouco de sossego à delegação, nos despedimos do João Paulo e agradecemos por toda recepção e acolhimento que ele nos proporcionou.
     Na volta ao hostel, decidimos que seria uma boa comermos algo leve para não irmos para o jogo com o estômago cheio. Queríamos uma pizza, mas rodamos a parte central da cidade e não achamos. Obrigamo-nos a parar numa lancheria e comer empanadas e uma torta, tudo acompanhado de uma coca-cola bem gelada. Após comermos, fomos dar uma descansada para estarmos com as baterias recarregadas para o jogo.
     Acordamos, nos fardamos, pegamos a faixa e saímos para o jogo. Como o estádio era um pouco longe e a torcida do León um pouco fanática (segundo o Leonardo Oliveira), decidimos pegar um moto-taxi. Chegando no estádio, entramos numa imensa fila que dava acesso ao portão ocidental. Apesar do tamanho, a fila andou rapidamente e já estávamos dentro do estádio em poucos minutos.
     Perguntamos para uma policial se havia local específico para a torcida do time visitante e ela nos disse que não. Acreditando que os torcedores seriam pacíficos (pois não tinha separação de torcida), fomos em direção à arquibancada. Assim que entramos, avistamos um belo gramado e percebemos que estávamos no meio da torcida do León e começamos a escutar algumas vaias e gritos incompreensíveis. Para nossa sorte, vimos que havia sim um local em separado destinado à torcida do Grêmio.
     Aliviados por estar em território amigo, começamos a procurar algum lugar bem visível para colocar a nossa faixa. Infelizmente chegamos um pouco tarde (14h30min) e a torcida gremista já havia ocupado com suas faixas os locais propícios. Sendo assim, perguntamos para um policial se poderíamos pendurar em cima do vão de acesso à arquibancada e ele nos respondeu positivamente. Esticamos nossa faixa e fomos nos preparar para o começo do jogo. Nesse meio tempo ainda demos uma entrevista ao repórter da Rádio Gaúcha que estava no estádio.
     Aquecimento feito, times perfilados e equipe de arbitragem pronta para começar a partida. Assim que o juiz deu o apito inicial, a torcida se motivou ainda mais e os cantos de apoio se intensificaram. Infelizmente o primeiro tempo não foi dos melhores, pois jogamos mal, tivemos um gol anulado e, no finalzinho, o León conseguiu marcar. O intervalo foi com a cabeça inchada e um pensamento de que não poderíamos sair com uma derrota depois de tudo que todos os torcedores gremistas passaram para chegar até ali.
     No começo do segundo tempo foi notável uma mudança de postura da equipe. O Grêmio pressionava e, felizmente, conseguiu empatar nos primeiros 15 minutos. O León não conseguia atacar e todas as chances de aumentar o placar eram tricolores. Mesmo depois de inúmeras chances claras de gol, o Grêmio não conseguiu alcançar a vitória e a partida acabou num 1x1 amargo para ambas as equipes.
     Após o término do jogo iniciou-se uma série de fatos curiosos. Primeiramente, inúmeros torcedores huanuqueños começaram a pedir para tirar foto com os gremistas. Eram tantos, mas tantos, que uma mãe “jogou” seu filho no colo da Cris enquanto seu marido fotografava. Após uns 15 minutos (sem exagero) de muitos sorrisos, conseguimos respirar um pouco e o estádio já estava quase vazio. Neste momento, começávamos a recolher a faixa, quando um repórter da SporTV me chamou para uma entrevista. Ele fez diversas perguntas sobre o jogo e quando comecei a responder sobre como havíamos chegado lá, ele interrompeu a entrevista. A cara de espanto quando falei que estávamos de bicicleta foi espontânea e ele quis saber um pouco mais sobre o projeto. Depois de explicar, ele demonstrou interesse em fazer uma participação no programa “Loucos por Futebol” se conseguirmos pegar outro jogo do Grêmio (torçam para o tricolor pegar Emelec ou LDU nas 8ª ou 4ª de final!!!). Tomara que em breve nos reencontremos! Saindo do estádio, os fatos curiosos encerraram com uma “quadrilha” de piás (de uns 7 anos) que me cercou pedindo autógrafos.
     Chegando de volta ao hostel, fomos dormir um pouco para nos preparar para o retorno à Lima e deixar a cidade com melhor clima do mundo (existe uma placa com estes dizeres na entrada da cidade!) para trás. Acordamos por volta das 20h e fomos jantar. Comemos, passamos no hostel para apanhar as nossas coisas, paramos num mercadinho para comprar mantimentos para viagem e nos dirigimos para a rodoviária. Esperamos até às 21h45min, embarcarmos e começou, novamente, a sequência interminável de curvas e buzinaços. Depois de uns 20 minutos já estávamos meio sonolentos, tentando dormir para que a viagem passasse mais rápido.
Gastos:
- Mototaxi: R$2,00 - Café da manhã: R$6,35 - Hostel: R$16,70 - Almoço: R$5,00 - Janta: R$ 12,30 - Mantimentos: R$2,80 - Coca-cola no estádio: R$2,00

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