sábado, 11 de junho de 2011

202° Dia – Tandapi – Alóag – 06/06/2011 – Segunda-feira

     Hoje acordamos às 6h, tomamos o nosso café da manhã e fomos olhar como estava o tempo. Como estava chovendo, voltamos para a cama e colocamos o despertador para às 8h, pois sabemos que aqui chove no início da manhã mas o sol aparece em torno das 9h. Além disso, o barulhinho de chuva estava ótimo para dormir.
     Acordamos às 8h30min e terminamos de preparar o que faltava para a viagem. Saímos do hostal e passamos em uma vendinha para comprarmos água, às 9h30min entramos na estrada. O primeiro trecho já revelava como seria o restante do dia: uma verdadeira escalada de montanha!
     Subíamos íngremes aclives, em alguns tínhamos que pedalar o tempo todo na marcha mais leve e em pé, pois não tínhamos força para continuarmos sentados. A paisagem tentava nos animar com montes verdes, um largo rio e muitas cascatas, mas era difícil manter a tranquilidade visualizando o que teríamos pela frente.
      Depois de 10Km pedalando à 8Km/h e subindo cerca de 800m de altitude, fizemos a nossa primeira parada no Santuário La Merced. Compramos uma “cola” (refrigerante) gelada em um barzinho ao lado da igreja e sentamos nos bancos da praça para descansarmos. Depois de dois minutos sentados, um vento gelado começou a soprar e tivemos que pegar os nossos casacos de frio. Percebemos que os próximos dias serão de inverno.
     Assim que recuperamos as energias, alongamos e voltamos a pedalar. Os quilômetros seguintes não foram mais simples, as curvas ficavam cada vez mais estreitas e a estrada (que inicialmente era duplicada) se transformava em uma perigosa via de mão dupla. Como a estrada está em reformas, os trajetos oscilavam entre estradas duplicadas e simples, além disso, muitos trajetos estavam cheios de escombros das explosões. Desta maneira, tivemos que pedalar com cuidado, com as luzes acesas e, muitas vezes, pela área de escoamento da água da chuva para nos afastarmos do intenso tráfego.
     Nos trechos em que a estrada estava boa, o Moacir me puxava para aumentarmos o ritmo e me poupar. Como ficávamos cada vez mais cansados, nossas paradas também ficavam mais seguidas: paramos no Km17, no Km24 e no Km35. Após os 35Km, o caminho ficava menos íngreme, estávamos pedalando no topo das montanhas, em torno dos 3000m de altitude.
     Subimos mais 100m de altitude nos quilômetros seguintes, estávamos pedalando entre as nuvens (não conseguíamos ver 100m à nossa frente) e o vento frio deu espaço à uma chuva gelada. Paramos para pegar os nossos casacos impermeáveis e, quando fomos voltar para as bikes, o meu pé escorregou do pedal (enquanto eu tentava clipar a sapatilha no pedal) e eu torci o pé. A dor foi intensa e fez com que eu abandonasse a bicicleta e me atirasse no acostamento para ver se havia me lesionado. Felizmente, foi só uma torção leve que não me faria abandonar a viagem do dia.
     Quando voltamos à estrada, conseguimos aumentar o nosso ritmo e fizemos 5Km em menos de meia-hora. Felicitando a nossa persistência, a PachaMama (Mãe Terra em Quechua) nos brindou um longa descida de 6Km para finalizarmos o nosso dia nas montanhas. Quando visualizamos a cidade de Alóag do alto dos montes, mal acreditávamos que faltava tão pouco para cumprirmos o nosso destino. Tiramos as mão dos freios e rimos de felicidade até a entrada da cidade.
     Ao chegarmos na zona urbana, paramos para perguntar sobre a localização do centro da cidade. Assim que chegamos no centro, perguntamos onde haviam hospedagens e fomos encaminhados ao único hotel que tinha. Para nossa sorte, o hotel era excelente e incrivelmente barato. Levando em consideração o nosso estado físico e as boas condições do hotel, reservamos duas noites e nos instalamos. Foi muito engraçado sentir os dedos dos pés e das mãos “dando choques” na medida em que a água quente caía sobre eles.
     Depois de um banho bem quente, saímos para comer e comprar mantimentos para o dia de amanhã. Caminhamos até a praça da cidade e comemos em uma polleria que havíamos visto no caminho para o hotel. A comida era boa e farta. Aproveitamos para levarmos uns hambúrgueres para a janta, pois estava muito frio e não queríamos ter que sair do quarto quentinho para procurarmos restaurantes. Paramos em um mercadinho para pegarmos leite e pão e voltamos para o hotel.
     Logo que chegamos no hotel, deitamos para descansarmos um pouco e acabamos dormindo até às 22h. Ao acordarmos, comemos os hambúrgueres e ficamos assistindo televisão (estamos impressionados com a ação do vulcão chileno, por favor, rezem por essas pessoas que foram removidas de seus lares). Agora estou escrevendo este relato enquanto o Moacir arruma a cama para dormirmos mais uma vez. Serão dois dias de pura recuperação!
P.S.: hoje subimos 2100m de altitude em 41Km de distância, foi o dia mais difícil de toda a viagem. Estamos agradecidos por tudo ter dado certo.
Gastos:
- Hotel: R$18,00 - Bebidas: R$6,30 - Janta: R$17,64 - Mercado: R$5,22 - Padaria: R$1,08
Estatísticas
- Distância: 47,23Km - Tempo: 4h55min43” - Média: 9,58Km/h
Condições da estrada
- Medianas, pois sempre tinha um estreito acostamento e a estrada era encravada nas montanhas, ou seja, repleta de curvas.

Um comentário:

  1. Parabéns!!!

    Subir essa altitude toda de bicicleta, somar a dificuldade de respirar com a força necessária para vencer esse trajeto deve ser muito gratificante, tenho certeza que cada vez mais vocês estão prontos e preparados para maiores desafios!!!

    Uma pessoa descansada sem todo o desgaste que já tiveram teria grande dificuldade de vencer esses obstáculos, duas pessoas desgastadas e com uma trajetória tão grande nas costas com bagagem, etc... É de se dar todo o mérito!!!

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